MP abre inquérito para apurar irregularidades em contrato de licitação na Semma

Publicado em por em Justiça, Pará, Política, Santarém

MP abre inquérito para irregularidades em contrato de licitação na Semma
Zé Maria (camisa azul) ladeado por servidores do Semma. Foto: arquivo JC

O MP (Ministério Público) do Pará instaurou inquérito civil para investigar supostas irregularidades na aquisição e entrega de fardamentos para servidores da Semma (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) de Santarém (PA). Há fortes indícios, inclusive, de sobrepreço, ou seja itens adquiridos acima do preço de mercado.

A decisão, assinada pelo promotor de Justiça Diego Belchior Ferreira Santana, na semana ada (dia 21), foi tomada após denúncias de atrasos na entrega e de materiais com qualidade inferior ao especificado no contrato firmado em 2023 com a empresa H de F Pires Serviços, com sede em Belém (PA).

❒ Leia também sobre o governo Zé Maria: Juiz ordena suspensão da propaganda institucional de Santarém por descumprir sentença na área de saúde.

❒ E ainda: Ameaçada, mulher pede medida protetiva contra secretário municipal do governo Zé Maria.

Na época, a Semma era dirigida por João Paiva Albuquerque, nomeado em janeiro deste ano pelo prefeito Zé Maria (MDB) como titular da Secretaria Municipal de Portos e Transporte Aquaviários.

O que está sendo investigado

O inquérito apura possíveis descumprimentos contratuais no fornecimento de uniformes e botas para fiscais ambientais. Segundo apuração prévia do MP, os produtos entregues à Semma apresentavam “baixa qualidade do tecido, costuras descosturadas, ausência de identificações exigidas e botas em condições inadequadas para uso”.

Constatou-se ainda, através de denúncia ao MP, que os uniformes “rasgavam no primeiro uso” e que as correções feitas pela empresa não resolveram os problemas.

O contrato, no valor de R$ 25,5 mil foi firmado em 2023 para a aquisição de 6 itens, incluindo botas com especificações técnicas detalhadas, como impermeabilidade e resistência a abrasão. No entanto, uma comparação com produtos similares no mercado apontou uma diferença de mais de 55% no valor unitário pago pela Prefeitura de Santarém (R$ 637,67 por bota) em relação a um modelo equivalente (R$ 284,90).

Respostas das partes envolvidas

A Semma encaminhou relatórios e documentos que, segundo a pasta, comprovam o cumprimento do contrato, incluindo notas fiscais e imagens das entregas. Já a empresa H de F Pires Serviços Ltda afirmou ter atendido às exigências do edital, e corrigido eventuais defeitos, conforme solicitação da secretaria.

Constatou-se, porém, que os defeitos continuaram. “Os uniformes devolvidos mantêm o mesmo material inadequado, com costuras mal feitas e acabamento insatisfatório”, diz trecho de um documento enviado ao MP.

Próximos os

O promotor Diego Santana determinou diligências sobre o caso, incluindo a oitiva (depoimento) de três servidores da Semma como testemunhas, marcado para o próximo mês (3 de junho).

A empresa também foi notificada para apresentar defesa. O inquérito visa “assegurar que o valor investido pelo erário corresponde ao que foi efetivamente entregue”, conforme destacou o promotor texto, citando a necessidade de proteger o patrimônio público.

A ação do Ministério Público do Pará está fundamentada no artigo 129, III, da Constituição Federal, que atribui à instituição a promoção de inquéritos civis para defesa de interesses coletivos. O caso também segue a Resolução nº 012/2024-J, que estabelece prazos e procedimentos para apuração de irregularidades.

A portaria de instauração do inquérito não faz menção a possíveis penalidades, limitando-se, no estágio atual, à coleta de informações para embasar decisões futuras.

— O JC também está no Telegram. E temos ainda canal do WhatsAPP. Siga-nos e leia notícias, veja vídeos e muito mais.


Publicado por:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *