O tufão Alexandre Von

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por Tiberio Alloggio (*)

Na contramão dos bons resultados obtido pelo Brasil afora, o PT santareno amarga uma de suas maiores derrotas políticas. Após 8 anos de governo, perde em Santarém, o mais importante município do oeste paraense, sua última roca-forte em cidades polos do Estado do Pará.

Que a eleição santarena teria sido uma eleição “muito problemática” para o PT, era mais do que previsível. A hostilidade do Governo do Estado, o desgaste natural de 8 anos de governo, um segundo mandato “problemático”, a perda de hegemonia sobre importantes setores da base de sustentação, o processo “maluco” que levou a escolha de sua candidata eram alguns dos fatores que apontavam para uma disputa difícil, com chances reais de uma oposição fortalecida ganhar o pleito municipal.

O que não era previsível foi o tamanho da vitória de Alexandre Von. Um verdadeiro tufão, que, como uma fúria, se abateu sobre a coalizão de sua oponente, deixando um rastro devastador nas fileiras de um já debilitado bloco petista.

Alexandre Von recebeu quase 70 mil votos. Mais de 46% dos votos validos, e só não alcançou o 50% por causa do desmembramento de Mojuí dos Campos, que tirou dele os votos necessários para vencer com maioria absoluta.

Lucineide Pinheiro do PT ficou com 40 mil votos. O 27% dos eleitores, 20 pontos em percentual atrás do vencedor.

Uma eleição, que a luz do seu resultado, demostrou que o PT e sua candidata nunca foram realmente competitivos, e que, em nenhum momento da campanha, chegaram a colocar em risco a vitória de Alexandre Von.

O naufrágio petista tem confirmação no resultado da eleição proporcional, onde a coligação de Alexandre Von elegeu a maior bancada (5 vereadores), que somados aos do DEM (2), do PSB (2), do PPS (1) do PSC (1), do PV (1) lhe garante uma maioria folgada na Câmara de Vereadores.

O PT elegeu apenas 2 vereadores, um resultado pífio que confirma sua tradição negativa no proporcional, o que tornará ainda mais difícil seu papel na oposição. O terceiro eleito da coligação, por sinal o mais votado, é do PR.

O PMDB de Zé Maria Tapajós caiu 3 pontos em relação à eleição de 2003, alcançando um medíocre 14%, mas manteve 2 vereadores que deverão engordar a bancada de Alexandre Von.

Completam o quadro na Câmara, o PP, que elegeu 2 vereadores, o PRTB 1 e o PDT 1, que dependendo das circunstâncias políticas poderão ser rifados, ou não.

O PSOL, que poderia ter festejado a eleição do vereador mais votado de Santarém, caso Márcio Pinto tivesse mais bom senso e optado pela Câmara, continua sem representação política. Pior que o próprio Rubson Santana (PSC), que conseguiu pelo menos emplacar um vereador.

Alexandre Von saiu dessas eleições como um gigante, conseguindo ar para a grande maioria dos santarenos uma imagem de BOM gestor, deslocando para as sombras incômodos políticos do calibre de Lira Maia e Simão Jatene.

Super feliz com a vida, Alexandre Von virou um líder, conseguindo finalmente se tornar o técnico de um time vencedor. Uma seleção que pode criar um novo ciclo, deixando para trás os anos vividos como auxiliar no banco das reservas, onde, no máximo, podia ser fotografado ao lado de Lira Maia.

Poucos conseguem e ele, modestamente, conseguiu.

Não bastasse, ao contrário de Maria do Carmo, que recebeu do Lira Maia uma herança maldita, Von herdará projetos de tamanho Federal, todos em andamentos, como Minha Casa Minha Vida, o Hospital Materno Infantil, as Estações de Tratamento, o terminal fluvial de cargas e ageiros, entre outros, que ele mesmo poderá inaugurar ainda em seu primeiro mandato.

E Maria do Carmo? Como fica? Ela sai de forma melancônica, da mesma forma que entrou em seu segundo mandato, cassada pela implacável perseguição judicial.

Maria deverá lutar até o fim para reconquistar seus direitos políticos. E se conseguir, se tornará um nome forte para a disputa de 2014 (Câmara ou Senado).

A moral da história é que enquanto o PT terá que lidar com a penúria, se dedicando a recolher os cacos para tentar voltar a ser competitivo em 2016, Alexandre Von tem pela frente um período de fartura, com abundância de apoios, de aliados, de projetos e de recursos.

Um futuro tudo azul para Von então?

Talvez, mas aqui mora um perigo, pois dizem que a “fartura” é uma “armadilha” que coloca em “xeque’ as verdadeiras qualidades de um líder.

É nesse cenário que Alexandre Von terá que demonstrar sua real capacidade de liderança, sabendo lidar com as pressões politicas, da mídia mercenária e do poder econômico, mas sobretudo com aqueles setores que enxergam no seu governo a grande chances de saciar a “fome atávica” acumulada nesses longos anos longe do “poder”.

A reforma istrativa, encaminhada para a Câmara, já deu alguma luz, mas será com o anúncio de seu secretariado que teremos um sinal mais consistente.

Enfim, com sua eleição Alexandre Von demostrou de ser BOM, mas será durante o exercício do seu mandato que veremos se ele realmente é o MELHOR.

A conferir.

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* É sociólogo, reside em Santarém e escreve regularmente neste blog.


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17 Responses to O tufão Alexandre Von

  • Fui no palitinho e resolvi concordar com o Nelson Vinencci, o cara é preguiçoso mesmo, aliás já tomei uns goró com ele quando eramos estudante do Dom Amando. Mas, eu prefiro o Alexandre o Máximo sendo comparado com uma preguiça do que com uma catita.

  • Acho PTibério já é pretendente a algum cargo na prefeitura. Somente isso explica essa mudança radical nos pensamentos deste “sociólogo” rsrs.

  • Não conheço o autor deste artigo pessoalmente, somente pelo que leio aqui no Blog. E o que posso concluir é que ele é muito melhor redigindo artigos que quando se mete a achimcalhar os artigos dos outros, quando a opinião é contrária à sua.

  • Se você conversar com qualquer pessoa que conhece o Von, todos são unânimes em reconhecerem nele, bom em istração. Inclusive petistas e opositores mais maldosos, acusam ele de preguiçoso, mas não de incompetente em relação a istração pública. Esta semana teclando com um funcionário de carreira da Assembleia Legislativa do Pará no Facebook, ele me falava sobre a performance de Alexandre Von na Alepa. Logo no início de conversa o caboclo foi logo escrevendo: “Von como deputado foi um ‘enrolão’, gente boa demais, porém não tinha garra política para correr atrás de alguma coisa que sonhasse em realizar em Santarém, olhe que o Jatene se encantou com ele e o fez homem forte do Governo do Pará em Santarém, mas Von estacionou e ficou nas coisas menores sem aquela postura de político aguerrido que tem muitos projetos para realizar para seu povo, teve momento que o Jatene chegou a reclamar da inércia dele, pois tinha apenas muitos bons discursos, muitos deles tecnicamente perfeitos, mas na prática uma tragédia. Von prometeu nesta campanha muita coisa quase impossível de cumprir, primeira delas é resolver o problema da saúde, que segundo ele, tem solução e ele sabe o qual é, outra é a realização da grande obra da frente da Prefeitura, (pista do Aeroporto Velho). Torço e muito que ele realmente consiga cumprir uma das duas promessas, se ele não resolver o problema da saúde que para mim é impossível, que ele faça o mega projeto da pista do aeroporto velho que já está de bom tamanho.

    Nelson Vinencci

    1. A saúde que temos não destoa da que é oferecida Brasil afora.Por incrível que pareça,a nossa é um pouco superior.Para torná-la melhor e contemplar toda a sociedade dela dependente, necessita de grande aporte pecuniário .A contratação de funcionários, em tempo e dedicação exclusiva, necessita de volumoso aporte financeiro.Esperemos, certamente terá promessas mirabolantes de dinheiro para a saúde. O Vinencci tem tôda razão e lucidez em suas colocações.

  • Comentário lógico e bem pensado, vejo Tibério que estam surgindo no cenário político Santareno, bons nomes que diferente de velhos nomes que já se aposentaram e estão se aposentando, como Ronam, Ronaldo, o próprio Lira Maia, Maria do Carmo, Osmando, Zé Maria Tapajós, etc…O nível intelectual dos que estão surgindo trazem frutos e dividendos para região, o que Helenilson ta fazendo em termos de aumento da arrecadação e discutindo o potencial do Pará no Brasil e no mundo é algo extraordinário o Jatene dificilmente teria a mesma desenvoltura, o Nélio Aguiar, Valdir Matias Jr., estes rapazes são inteligentes, bem preparados e pensão no desenvolvimento, o Alexandre Von com sua experiência e inteligência pode aproveitar este potencial e ajustar em favor do seu governo, o Henderson Pinto, Reginaldo Campos são jovens e empenhados nas suas formação, mostram entusiasmo e interesse no futuro de Santarém e Região.

  • Aleluia, parece que o Sr Alloggio entrou em órbita, lucidez aflorando para gáudio dos leitores.Contamos com todos para cobrarmos bons resultados na istração que iniciar-se-à em janeiro.Democracia se constrói com críticas edificantes, desprovidas de fanatismos partidários.Boa sorte aos gerentes da coisa pública, olhos vivíssimos sôbre eles.

  • Ótimas colocações Tibério.
    É claro que quem torce por Santarém sempre quer o melhor, e eu tenho esperança nisso.
    Mas em relação ao futuro prefeito eu sinceramente não espero nada.
    A ‘roupa’ que ele veste para governar a cidade é velha e batida é mais dos mesmos que já tiveram oportunidade de fazer e não fizeram. A própria imagem do Von, para mim, está associada aos desvios de recursos públicos ainda não devolvidos.
    A presença da irmã do Lira Maia como vice e a possibilidade de assumi a secretaria municipal de educação me faz ter um déjà vu.
    Além disso, quero ver como ele irá agasalhar todo o seu povo e apoiadores, ou alguém acredita mesmo que a redução de secretárias significa redução de funcionários?
    No momento a única coisa que torço é para que esses 4 anos em ligeiro.

  • Cheguei a pensar de forma errada que o Tibério era um daqueles esquerdopatas que dá a vida por sua ideologia, mas agora vejo que o bicho não é tão brabo assim, o sujeito gosta mesmo é do poder, esteja onde ele estiver e assim o Sr. Tibério, nesse texto já dá mostra de que é Alexandr/Lira Maia desde pequeninino na velha Italia e que destesta Maria do carmo e o PT antes mesmo de ser italiano e que se por algum ato ou atitude entenderam que ele defendia raivosamente o PT e Maria era apenas um artifício para conhecer melhor o inimigo e auxiliar Von a ganhar as eleições.

  • Parabéns Sr. Tibério.
    Agora tenho a oportunidade de ler uma publicação, sua, na qual fazes pontos e contrapontos coerentes, a parte das ideologias política e partidárias, repleta de bom senso e como de costume, bem escrita, adorável para ser lida. Só o futuro pode responder se o BOM pode ser o MELHOR, espero que para nós e a cidade.

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