A sociedade do carbono – parte final

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. O efeito estufa

por Tiberio Alloggio (*)

Os regimes energéticos sempre tiveram um papel decisivo na ascensão e queda de todas as civilizações.

Nos últimos dois séculos, a humanidade queimou quantidades incalculáveis de energia solar armazenada na forma de carvão, petróleo e gás, para produzir a energia que tornou possível o estilo de vida moderno.

A moderna sociedade industrial utilizou mais energias de todas as outras civilizações que apareceram no nosso planeta. Alcançando um desenvolvimento material nunca experimentado antes.

Essa energia consumida encontra-se agora acumulada na atmosfera terrestre, influenciando negativamente o clima do nosso Planeta e consequentemente o equilibro de inúmeros ecossistemas naturais.

Leia também:
A sociedade do carbono I.
A sociedade do carbono II.
A sociedade do carbono III.

O aquecimento global é a face escondida do uso dos combustíveis fósseis na era industrial.

O aquecimento do Planeta é o resultado da acumulação na atmosfera terrestre de gás que impedem a dispersão do calor do Sol, o chamado efeito estufa.

Durante os mais de 10 mil anos que precederam a sociedade industrial, o equilibro dos gases do efeito estufa permaneceu relativamente estável. Foi durante os últimos dois séculos, com a combustão de maciças quantidades de carvão, petróleo e gás natural, que esse equilibro se modificou.

Hoje, os níveis de CO2 na atmosfera são 31% superiores ao do ano de 1750 ainda aos inícios da era industrial. Segundo o intergovernamental das mudanças climáticas (IPCC), uma tal concentração nunca foi alcançada nos últimos 420 mil anos.

O 75% do aumento da concentração de CO2 na atmosfera dos últimos 20 anos tem que ser debitada à queima dos combustíveis fosseis, enquanto o restante 25%, é resultante da de-florestação e do uso inapropriado do território.

O metano também (outro gás do efeito estufa) tem contribuído ao aquecimento global, mais da metade das emissões de metano são resultantes da atividade humana principalmente a produção de arroz, as lixeiras, e até os peidos das atividades pecuárias e humanas.

Desde 1750 a concentração de metano na atmosfera aumentou de 151%. Da mesma forma da CO2 a quantidade de metano presente na atmosfera não tem precedentes nos últimos 420 mil anos.

Também a concentração na atmosfera de monóxido de azoto (terceiro maior gás de efeito estufa) desde 1750, tem aumentado 17%. Principalmente por causa da indústria química, do uso maciços dos fertilizantes químicos, e à criação intensiva de animais.

Enfim, o 70% do aquecimento global é o resultado do aumento da CO2, na atmosfera, enquanto o metano contribuiu com 24% e o óxido de azoto pelo restante 6%.

O IPCC nos alerta que no século ado a temperatura média global já aumentou de quase meio grau, e que segundo as projeções, poderá ter um ulterior incremento entre 2,5 e 10,5 graus (na melhor e pior das hipóteses) até o final desse século.

O IPCC também chama a atenção sobre as consequências do aumento dos níveis dos oceanos que já ocorreu entre os 20 e 30 centímetros no seculo ado.

As provas do que o aumento da temperatura está condicionando negativamente o ecossistema terrestre estão em todos os lugares. Além dos fenômenos atmosféricos catastróficos, o derretimento das geleiras, e a perda de ecossistemas e de habitat.

A mudança de clima começa também a distribuir as doenças de forma diferente, globalizando as doenças tropicais.

A dengue, a malária, as encefalites virais e outras estão migrando e já se difundiram pela primeira vez em regiões meridionais dos Estados Unidos. Enfim, exploramos resíduos orgânicos de eras geológicas precedentes e gozado da abundancia material que nos proporcionaram através da energia.
Mas agora as forças estão convergindo rumo a eventos assustadores de tamanho histórico.

A civilização fundada no petróleo, o regime energético de maior sucesso da história da humanidade está próxima a se esgotar. Alcançamos o ponto critico que obriga a sociedade a tomar decisões sistêmicas.

A questão não é mais o hoje ou o ontem, a questão é o futuro da humanidade.

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* É sociólogo, reside em Santarém. Escreve regularmente neste blog.


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One Response to A sociedade do carbono – parte final

  • Enquanto o planeta esquenta, igrejeiros e ongueiros financiados por multinacionais do petróleo se mobilizam em Altamira para barrar os investimentos do governo brasileiro em energia renovável.

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