Mais argumentos para o estado do Tapajós

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por Tiberio Alloggio (*)

A discussão sobre a divisão do Pará e a criação dos Estados do Tapajós e Carajás, já despertou todo tipo de animosidade, mas mesmo assim, ela permanece distante da compreensão dos movimentos populares e da população de modo geral.

É um debate que segue à academia e as “elites politico empresariais”, ainda basicamente “engessado” na questão de uma suposta “viabilidade econômica”, o tema preferido das oligarquias anti separatistas para negar a necessidade da redivisão territorial do Pará.

Mas com o Plebiscito já batendo as nossas portas, torna-se urgente tirar essa discussão do “economicismo” dos círculos políticos empresarias, para finalmente descer ao nível que interessa de verdade: o povo, que em ultima analise, é quem irá decidir.

Portanto torna-se fundamental nos municionarmos melhor com argumentos e sentimentos que saibam alimentar adequadamente mentes e corações do povo tapajônico. Hora de redescobrir e trabalhar os conceitos que originaram os sentimentos separatistas do Tapajós, principalmente temas como o da Identidade social e o sentido de pertencimento de um povo.

Na sua concepção originária, o termo Comunidade, indicava a seguinte conotação: “A totalidade de quem possui algo em comum”.

O elemento indispensável para a existência de uma Comunidade é o sentido de pertencer ao território. Mas o território, por si só, não constitui a Comunidade. Ela só se caracteriza como tal, quando no território, existem grupos humanos que desenvolvem atividades e sentimentos comuns.

Ou seja, uma comunidade só existe quando pessoas e/ou populações interagem dentro de uma área geográfica definida, e desenvolvem entre elas, uma ou mais ligações suplementares.

É um sentimento de pertencimento (pertencer a algo significa fazer parte do todo), onde os confins territoriais pressupõem a existência do grupo e sua segurança emotiva frente ao externo. È o chamado senso de Identificação, ou seja, a sensação de estar no lugar certo, de ser aceito pelo outro e de se sacrificar pelo bem comum.

A existência histórica desses pressupostos na região tapajônica, legitimam, por si só, a reivindicação da autonomia politico istrativa por seus habitantes.

Por isso, a reivindicação no Tapajós do estabelecimento de um sistema territorial com confins istrativos definidos, no qual interagem indivíduos e grupos, com sua vida, suas necessidades, atividades e uso dos recursos disponíveis.

Mas porque num mundo globalizado, cujos confins tendem a desaparecer, acutizam-se cada vez mais sentimentos de identificação?

Analisando historicamente as diferentes formas de organização territorial, percebe-se que as mudanças mais marcantes são a dimensão territorial cada vez maior, ao lado das mudanças qualitativas.

Se a primeira forma de vida em comum foi a Aldeia, que vinculava os seus componentes por afinidades familiares e na tradição do cultivo da terra e da pequena criação. Já a vida na Cidade, representa um salto para a economia e uma organização social mais complexa.

Na comunidade tradicional, o sistema de relações (parentesco, amizades, trabalho), se desenvolve dentro de áreas geográficas restritas. O desenvolvimento urbano, pelo contrario, acrescenta as possibilidades interativas dos indivíduos e impulsiona relações sociais mais seletivas.

É na cidade onde as relações são mais especializadas, que percebemos a diferença entre a Comunidade e a Sociedade. Ainda mais nas Metrópoles, Estados, e Nações, cuja finalidade organizativa é o desenvolvimento das atividades econômicas em uma escala territorial ainda mais ampla.

Os aspectos negativos do crescimento da sociedade urbanizada, a concentração de sua organização politico istrativa em polos cada vez mais distantes, faz com que as pessoas percam o sentido de identidade, e venham a desenvolver uma reaproximação com os valores das comunidades locais.

A existência de movimentos para a criação de novos estados, de regionalização e municipalização, são manifestações universais que apontam para a descentralização do poder e uma maior participação das comunidades locais na vida politica de uma nação.

Ou seja, uma visão mais aprimorada da comunidade territorial, com a finalidade de atingir formas de integração, que garantam participação, autonomia e autogestão politico istrativa.

A reivindicação da criação do Estado do Tapajós representa tudo isso.

A região tapajônica já desenvolveu seus vínculos sociais econômicos e territoriais. Já viveu e experimentou, em sua própria pele, os aspectos negativos da Centralização Politica istrativa com o Estado do Pará e sua capital Belém. Ou seja, já se tornou madura para a sua emancipação politico territorial.

Mas para alcançar a plenitude de sua emancipação, os tapajônicos terão que conquistar o Poder Politico, que só poderá se concretizar com a criação do Estado do Tapajós.

Aqui enfrentamos o outro “cavalo de batalha” dos anti separatistas, que parecem adorar a associação do poder politico com os aspectos moralmente piores e negativos. Quando se treta do poder dos outros, claro, pois do deles, não querem abrir mão.

Mas isso é falta de argumentos, papo furado, pois em qualquer sociedade existem políticos que perseguem o poder por fins escusos (olhem o próprio Pará!).

Meus amigos, o Poder serve e é importante! Pois todas as mudanças (grandes e pequenas) giram entorno da questão do poder.

Vote SIM à criação do Estado do Tapajós !

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* Sociólogo, reside em Santarém. Escreve regularmente neste blog.


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22 Responses to Mais argumentos para o estado do Tapajós

  • CARO JESO: SOU LEITOR ASSÍDUO DO SEU BLOG, E PRIMEIRO COMENTÁRIO NO MESMO: SOU PAULISTA, HÁ DEZ ANOS FUNCIONÁRIO PÚBLICO NO ESTADO DO PARÁ, ALGUNS ADOS NESSA TERRA ABENÇOADA, SANTARÉM…. LEMBRO-ME DA MINHA CHEGADA EM MORAIS ALMEIDA NOS ANOS 80 E JÁ ERA SONHO DOS PARAENSES DO OESTE EM SEREM DE FATO, TAPAJONICOS.
    AINDA NÃO DECIDI MEU VOTO, MAS CONFESSO SER POR EGOÍSMO, NÃO SEI COMO FICARÁ MINHA SITUAÇÃO, HAJA VISTA EU SER FUNCIONÁRIO DE EMPRESA MISTA DO ESTADO DO PARÁ, MAS JÁ TENHO CERTEZA DA VITÓRIA DO SIM, E DA CRIAÇÃO DO NOVO ESTADO…. SÓ ESPERO QUE A POPULAÇÃO MAIS HUMILDE, TAMBÉM SEJA CONTEMPLADA COM OS BENEFÍCIOS QUE CERTAMENTE VIRÃO………….FORÇA TAPAJÓS …ESTADO VERDE…. PS. TAMBÉM CARAJÁS MERECE SUA VERDADEIRA IDENTIDADE..

  • comunidade no sentido político também significa sentimento e identidade comum aos políticos que adoram mamar na vaca e explorar a patuléia que os sustentem !!!!!!!

  • ih! a guerreira tapajônica tá atacada! vai Pit bul de várzea sentar no pudim que é mole! vai! chora cavaco !!! e não venha forte que eu sou do norte!!!!!

    1. Fij! o nível é mais baixo que bunda de sapo! E ainda quer debater sobre um tema complexo como a criação de um Estado da Federação. Vai assistir “Macho Man” que é o teu forte, oh do norte!

  • as dez piores duplas do mundo 1. Má naura x Mocorongo 2. Cleyton e Cleydir Arrgh!!! 3. Jader Barbalho e Lira Maia 3. Porra Louca e Separatista 4. Maria-cara-de-bolacha -do-carmo e Incopetência 5. Rio Negro e Solimões ( os cantores e os rios evidentemente !) 6. Tattibitatibério e Paulo Cid mil besteiras 7. Sogra e Filho adolescente .8. Bode e T.P.M 9. mocorongo metido a japa e torcedor do panterinha cor-de-rosa 10. Alter-do-cão e exploração !!!!!!

  • É importante que as escolas do espaço geográfico do futuro estado do Tapajós, principalmente as de ensino médio, faculdades e universidades, promovam palestras esclarecedoras com seus alunos, sobre a importância do voto sim no plebiscito, levando para dentro dos estabelecimentos de ensino, pessoas com conhecimento de causa e argumentos sustentados em dados convincentes, pois é com o sim que vamos ratificar o nosso desejo de concretizar a autonomia do hoje Oeste do Pará, do poder central do estado encastelado em Belém.
    Mas que nas escolas, é urgente e necessário que a campanha do voto sim no plebiscito, ganhe as associações de moradores dos bairros das 27 cidades do Tapajós, vá para as comunidades ribeirinhas, do planalto, entre nos sindicatos das várias categorias empresariais e trabalhadoras, e seja amplamente acolhida pela sociedade civil organizada, como um todo.

    O momento não é de nervosismo e preocupação, com quem demonstra ser contra. É hora de união e as salas de aulas das escolas de nivel médio, faculdades e universidades é ótimo espaço para se começar a campanha do sim no plebiscito e daí massificarmos todos os municípios do futuro estado e sairmos para ocupar espaço na região do Pará remanescente e mostrar para os paraenses de lá, de que não estamos dividindo o Pará, mas criando um novo estado, pela necessidade do respeito e do reconhecimento que nós do Tapajós merecemos ter e que nunca tivemos do poder central do Pará.
    Que comece a campanha do sim no plebiscito pelas salas de aula e cada professor e todos os alunos, sejam agentes multiplicadores desse sentimento de independência e mostrarmos para o Brasil, que somos capazes de caminharmos com as nossas próprias pernas.

    O memorialista da história tapajônica Hélcio Amaral, diz que só se casa quando se tem maturidade, isso nós temos de sobra para sermos de verdade um estado e termos de vez a nossa independência com cidadania plena.

  • Os ribeirinhos, os colono e o povo das pequenas comunidades votam. Enquanto o discurso e esclarecimento for só com empresários e políticos, o sonho pode virar pesadelo.
    Boa, Tibério.

  • Parabéns Tibério.

    Convido a todos que inconformado com o abandono imposto pelos governantes do nosso estado, e também pelos governantes do governo federal, ao povo do Oeste do estado do Pará.

    Milhares foram obrigados a abandonar o barco por falta de oportunidade em nossa região, até hoje esse fenomeno e real.

    “Abandono forçado em nome do bem-estar-social de nossas familias”.

    Esses excluídos do ado, tem o dever e a obrigação de fazer alguma coisa que possa servir de exemplo e de estimulo ao voto SIM. SIM, e SIM…

  • Para contribuir com o debate:

    O separatismo é definido como a tendência dos habitantes de um território ou região a separar-se do “Estado” de que fazem parte para constituir “Estado” independente.

    Obs. “Estado nesta situação” faz referencia ao país.

    O grupo político contrário à divisão do estado vem utilizando propositalmente o termo separatismo como forma pejorativa de tratar a questão. Pessoas favoráveis ao processo de divisão estão erroneamente utilizando este termo. Este termo (separatismo) é carregado de negatividade, no inconsciente lembra automaticamente; conflito, terrorismo, violência etc. A divisão do estado do Pará é política – istrativa, não coloca em risco a república federativa brasileira, portanto não se trata de separatismo.

    Nas sociedades contemporâneas a gestão territorial é comumente descentralizada em unidades istrativas (províncias, estados, territórios, distritos, departamentos etc.). Esta divisão tem como principais referências 3 fatores; numero de habitantes, tamanho da área e economia.

    Em uma análise rápida sobre a divisão istrativa em outros países:

    EUA; 50 estados + 1 distrito, 295milhoes de hab. e área de 9.600.000 km²
    Canadá, 10 províncias, 32 milhões de hab. e área de 9.970.000 km²
    Cuba; 14 províncias, 11.2 milhões de hab. e área de 110.861 km².
    Colômbia; 32 departamentos, 45 milhões de hab. e área de 1.138.000 km².
    França; 22 regiões e 96 departamentos, 60 milhões de hab. e área de 543.965 km².

    Considerando que no Canadá a população se concentra no sul, verificamos numa análise simples que o Brasil concentra muito poder na mão de poucos.

    A maioria das analises concentra o foco na questão econômica e esquece das outras variáveis. A economia brasileira esta crescendo, a população também, A descentralização política – istrativa é uma necessidade da sociedade nacional, é natural, e deve ocorrer.

    Gostei do Texto, mas sugiro parar de utilizar o termo separatismo.

  • até que você escreve bem, mais acho que poucos iludem muitos …com os reais interessados com essa criação do estado! afinal a quem interessa de fato a criação aos politicos ou empressarios?!
    isso sim você deveria abordar….!!

    1. Vocês já bostejaram, tudo que tinha que bostejar. Somos democráticos, sim, mas, não somos ingênuos para divulgar propaganda anti-SIM ou ofensas IMORAIS, como essas que que o desesperado Jorge, assacou contra o Tibério, que acaba de escrever um excelente artigo.Parabéns Tibério! Sua reflexão em defesa do esclarecimento do povo é perfeita.

  • as dez piores coisas do mundo para ler : 1. Comentário de sociólogo de botequim formado na estácio de sá modalidade ensino à distância 2. Livros do Sar na Ney 3. Livro Guerras a vencer do Jáder Barbalho escrito por Ghost Writer do diário do Pará 4. Literatura escrita em mandarim ( ninguém entende) 5. Poesias de J.G. de Araujo Jorge 6. Tese de doutorado do F.H.C. 7. o Livro TapauiLãndia de um tal de escritor de várzea que eu não sei mais o nome ! Argh!!!! 8. Discurso de Chávez em edição revista e ampliada ! 9. Idem do Chapolim Colorado ! 10. Livro de escritores manauras ! ( estes nem o satanás aguenta !)

      1. hauauhahuha

        Eu tenho pena de vocë Jeso que obrigado a ler os comentários do jorge morais.

        Eu já ignoro os mesmos afinal, não devemos alimentar os trolls.

  • Tio Bério, independente do seus argmentos eu voto SIM para a criação do Estado do Tapajós.
    Mas confeso que gosto quando vc escreve neste blog somente sobre a sua opnião sobre o PT, gosto quando vc tenta explicar o que não tem explicação, o desgoverno do PT em Santarém, assim sim eu: paro, leio e releio.

  • Tiberio …Tiberio..Tiberio….

    Esse é o Tiberio…..
    Andas em Grande Fase……. coaduno de maneira peremptória com vossa opinião
    …Meus Parabéns

  • Caro Tibério,
    Seu texto faz uma análise perfeita da necessidade de buscar um envolvimento de toda a sociedade pelo Sim ao Estado do Tapajós. Faço apenas uma ressalva quanto ao termo “elites politico empresariais”, pois essa maneira de colocar as pessoas que ha anos lutam em Brasília, Belém, muitas vezes usando recursos dos próprio bolso, para enfim conseguirem a aprovação da realização do plebiscito, merecem o nosso respeito e consideração. É hora de somar, juntar esforços e acabar de uma vez com essa sindrome de “cachorro viralata” e, todos: homens, mulheres, jovens e crianças lutarem pelo novo estado, que será bom para o Tapajós, para o Pará, para a Amazônia e para o Brasil.

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