Poesia. Universo sou eu

Publicado em por em Arte

Amostra sem valor

Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

De Antonio Gedeão, poeta português.

Leia também:
Há uma Gota de Sangue no Cartão Postal, de Cacaso.
Canção para uma valsa lenta, de Mário Quintana.
Virgens Mortas, de Olavo Bilac.
Soneto do carnaval, de Vinícius de Moraes.
O Verbo, de Fernando Py.
Reflexão Nº 1, de Murilo Mendes.
Emergência, de Fábio Rocha.


Publicado por:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *