Poesia. Virgens e estrela

Publicado em por em Arte

Virgens Mortas

Quando uma virgem morre, uma estrela aparece,
Nova, no velho engaste azul do firmamento:
E a alma da que morreu, de momento em momento,
Na luz da que nasceu palpita e resplandece.

Ó vós, que no silêncio e no recolhimento
Do campo, conversais a sós, quando anoitece,
Cuidado! – o que dizeis, como um rumor de prece,
Vai sussurrar no céu, levado pelo vento…

Namorados, que andais, com a boca transbordando
De beijos, perturbando o campo sossegado
E o casto coração das flores inflamando,

– Piedade! elas vêem tudo entre as moitas escuras…
Piedade! esse impudor ofende o olhar gelado
Das que viveram sós, das que morreram puras!

– – – – – – – – – – – – – – – – – – –

Olavo BilacDe Olavo Bilac, poeta brasileiro nascido no Rio de Janeiro.

Leia também:
Soneto do carnaval, de Vinícius de Moraes.
O Verbo, de Fernando Py.
Reflexão Nº 1, de Murilo Mendes.
Emergência, de Fábio Rocha.
Amanhecimento, Elisa Lucinda.
A puta, de Carlos Drummond de Andrade.


Publicado por:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *