
Em Nota de Repúdio, entidades representativas – como sindicatos e diretórios acadêmicos – da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará) repudiam o reitor Hugo Alex Diniz por perseguição judicial contra estudantes indígenas matriculados na instituição.
“Esses alunos estão sendo procurados pela Polícia Federal para investigação, gerando neles abalo familiar, angústia, insegurança e afastamento e descrença na capacidade crítica da universidade”, diz a nota enviada ao BJ (Blog do Jeso) nesta quinta-feira (29).
Eis a íntegra.
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NOTA DE REPÚDIO
Este é o mês Abril Indígena que reafirma a resistência dos povos originários que continuam em luta pela vida e em defesa da Amazônia. É nesse sentido que vimos repudiar a judicialização da luta por políticas de assistência e permanência dos estudantes indígenas da Universidade Federal do Oeste do Pará, que no ano de 2019 realizaram a semana dos povos indígenas e neste evento foram submetidos a assédio moral por um servidor que sugeriu publicamente que a estudante indígena expusesse seus resultados acadêmicos, ato que provocou revolta de todos os parentes presentes nesta atividade, causando desentendimentos de ambos os lados.
Tomamos conhecimento que tal fato gerou um Processo istrativo que foi finalizado em meados de novembro de 2019 com a conclusão que a Universidade tem uma frágil política de assistência e permanência dos estudantes indígenas, encaminhando assim o processo para a mediação de conflitos na Clínica de Justiça Restaurativa (CAJUA/PCJ/UFOPA).
Não satisfeito com os resultados do PAD, os representantes da istração superior por meio do magnifico Reitor da Ufopa – Hugo Alex Diniz mantiveram uma denúncia na Polícia Federal que instaurou processo investigativo contra três estudantes indígenas que já tinham sido absolvidos pela investigação interna da Ufopa. Esses alunos estão sendo procurados pela Polícia Federal para investigação, gerando neles abalo familiar, angústia, insegurança e afastamento e descrença na capacidade crítica da universidade.
Ocorre que o desentendimento se deu no âmbito interno da universidade, em evento acadêmico tradicional dos indígenas da UFOPA, de modo que, extrapolar ocorrências internas já devidamente apurada através de processo istrativo para instancias externas à universidade, confrontando alunos indígenas com a polícia federal, afronta a autonomia universitária e o devido debate crítico que fundamenta a universidade. Afinal, se não for a Universidade lócus privilegiado do debate crítico, duro e profundo, onde seria?
Neste sentido, o DCE, o SINDUFOPA e o SINDITIFES, vêm repudiar o acionamento da Polícia Federal em assuntos internos decorrentes de evento acadêmico, afetando a autonomia universitária e desqualificando os processos internos de investigação. Ademais em tempos de sobressalto de descrédito da universidade e reanimação de fenômenos político-ideológicos que tem dificuldades em conviver com a crítica e a diferença. Repudiamos qualquer tentativa de afronta a autonomia universitária e manifestamos nosso apoio e solidariedade aos estudantes indígenas afetados por este processo.
Assinam esta nota:
Diretório Central dos Estudantes (DCE)
Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Oeste do Pará – Seção Sindical do Andes – Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (SINDUFOPA)
Sindicato dos Trabalhadores Técnicos istrativos em Educação no Âmbito das Instituições Federais de Ensino Superior No Estado do Pará (SINDITIFES)
Diretório Acadêmico Indígena (DAIN)
Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA)
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Que nota vergonhosa. Eu como servidor da Ufopa não assino isso.
Meu total apoio ao colega Edson
Deixa eu ver se entendi. Uma aluna agride um servidor, cometendo um crime. A polícia investiga e aí é o Reitor que tá perseguindo a aluna? É isso mesmo?
E o sindicato de servidor se posicionando contrário ao servidor. É isso mesmo?