Uso de máscara ainda é importante, dizem infectologistas em resposta a Bolsonaro

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uso de Máscara contra ainda são necessárias, dizem infectologistas em resposta a Bolsonaro

O baixo número de pessoas completamente vacinadas contra a covid-19 (cerca de 11% da população) e a alta taxa de transmissão do vírus, com a média móvel de novos casos da doença acima de 50 mil por dia, não permitem que a população abandonem o uso de máscaras neste momento —incluindo os que já receberam algum imunizante ou já foram infectados pelo Sars-CoV-2.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (10) que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prepara um parecer para desobrigar do uso da máscara quem já foi vacinado contra a Covid ou quem já se infectou com o coronavírus.

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O anúncio chocou a comunidade médica e científica, que vê risco de aumento no número de mortes e casos que podem ser evitados com uso de máscaras e distanciamento social —medidas básicas, fáceis de serem seguidas e largamente baseadas em estudos científicos, mas que nunca contaram com o apoio do presidente nem de seus apoiadores.

Para o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), a proposta de Bolsonaro é “absurda”. “Nada deve mudar. Infelizmente uma declaração como essa é um incentivo para que as pessoas se infectem mais.”

“Em relação a quem já teve a doença, não se pode garantir que vai ter imunidade pelo resto da vida porque já temos relatos de casos de reinfecção. Mesmo para quem já se vacinou, ainda existem muitas pessoas ainda não vacinadas, e a vacina não garante 100% de eficácia. Essas pessoas mesmo vacinadas podem acabar se infectando e ficando doentes”, disse.

Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), vai na mesma linha. “Infelizmente, não temos nenhuma vacina que garanta 100% de proteção, sempre pode haver alguma infecção que escape do imunizante. Além disso, temos uma circulação do vírus muito grande no país, o que aumenta a chance de algum vacinado ser infectado”, afirma.

Uso de máscara: vacinas não protegem a todos

A chance de um vacinado se infectar com a doença é muito menor do que a de quem não recebeu nenhum imunizante, e o tamanho dessa proteção varia de acordo com a vacina utilizada.

“Vacinados podem se infectar e transmitir a doença. Mesmo que o imunizado tenha uma chance enorme de ter desfecho positivo se pegar a doença, pode ar o vírus a outras pessoas”, diz Luciana Becker, médica infectologista no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, de São Paulo.

As máscaras também são importantes porque as vacinas não protegem a todos da mesma maneira. Os imunizantes dependem do sistema imunológico para gerar os anticorpos e outras moléculas que funcionam como uma barreira contra a infecção, e, em pessoas que têm um sistema imune mais fraco, a tendência é que essa resposta seja menor ou até mesmo inexistente.

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Os mais velhos, pelo acúmulo de doenças crônicas, geralmente contam com um sistema imunológico mais debilitado. Pessoas infectadas pelo HIV, que tenham doenças que enfraquecem o sistema imune ou que tomam algum remédio que inibe a ação das moléculas de defesa —caso de pacientes que receberam transplante de órgão ou alguns pacientes com câncer— também podem ter menor ou nenhum benefício com o uso de uma vacina.

Para esses casos, uma maior segurança contra o vírus só será possível após a vacinação em massa, com cerca de 70% da população imunizada.

Neste link, a íntegra da reportagem da Folha de S. Paulo (s).


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