
O pool de comunicação de Bolsonaro nas redes sociais diariamente inunda os celulares de cerca de 30 milhões de brasileiros com narrativas de roubalheira dos governadores.
Afirmam que Bolsonaro, impedido pelo STF de agir no combate à pandemia, enviou dinheiro para os estados e os governadores estão superfaturando e desviando recursos. Dinheiro pouco não, bilhões!
Manipulam, mentem e caluniam através de narrativas lógicas e convincentes feitas por seus propagadores nas redes sociais. Eles insistem em denunciar superfaturamento criando fatos que parecem verdadeiros, mas são falsos.

E isso se acirrou assim que Bolsonaro conseguiu o controle da Polícia Federal, que iniciou dezenas de operações contra os governadores para lhes aplicar a pecha de corruptos, ao mesmo tempo dar a Bolsonaro a virtude de ser o presidente honesto que combate a corrupção.
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Todas as mentiras propagadas pela comunicação bolsonarista estão sendo desmontadas. Segundo eles, os governadores não impediram a covid ao autorizarem o carnaval 2020. O tempo mostrou que era pura manipulação. No final de abril de 2020 tínhamos 5 mil mortos, quase dois meses após o carnaval.
Esse ano, com decreto dos governadores proibindo o Carnaval, e a população seguindo o mal exemplo do presidente, da festa do Momo até 24 de março são mais de 70 mil mortos. Comprova que a covid não estava disseminada no país em março de 2020.
Bolsonaro ascendeu à condição de mito para esse lupen social reacionário que replica as fake news de seu QG de comunicação, no dia em que proferiu voto pelo impeachment de Dilma homenageando um torturador.
Se qualificou para essa gente como a antítese do governo PTista de coalizão, que a mídia e o Judiciário de Curitiba estavam destruindo de forma sistemática e com método.
Na esteira da criminalização da política e a satanização da esquerda, o núcleo político de Bolsonaro importa tecnologia de informação já testada e aprovada na eleição de Trump e inicia a construção da imagem do arquirrival da esquerda.
Tudo isso alimentado por muita fake news, desqualificando como mentirosa a mídia corporativa e os adversários. E inflando a imagem do mito como o herói anticorrupção, cristão, defensor da família e patriota. Coisas que ele nunca foi.
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Apesar de louco, Bolsonaro nunca esteve sozinho, tem milhões de brasileiros descrentes com a política e mídia corporativa, presos nas teias de sua rede de comunicação e fake news.
E até aqui possuía um aparente apoio incondicional das Forças Armadas, o que a nomeação de militares para cargos no governo parecia indicar. Isso retardou em alguns meses a sua interdição.
Agora o Centrão conseguiu enquadrá-lo. O obrigou a montar um Comitê de Combate a Pandemia com todos os poderes sob a coordenação da Presidência da Republica, mas de fato quem exerce a coordenação junto aos estados, municípios e Ministério da Saúde é o presidente do Senado.
Bolsonaro foi intimado a participar como fantoche, visivelmente contrariado, da reunião promovida pelo Centrão para anunciar o comitê. Sua vaidade urrou ao ter que presenciar o protagonismo do Congresso como também era visível o constrangimento de alguns personagens, como Mourão.
Estão dando um basta em Bolsonaro. O primeiro tiro foi o discurso de Lula, o segundo foi do sistema financeiro ao divulgar carta assinada por banqueiros e toda a nata de economistas liberais, neoliberais e sociais democratas, afirmando ser um falso dilema, dizer que o combate a pandemia com distanciamento social irá destruir a economia. A ladainha que Bolsonaro repete diariamente.
Os donos do dinheiro afirmam que primeiro deve-se salvar vidas depois se cuida da economia. Defenderam auxílio emergencial urgente e pediram que o presidente leve a sério o povo brasileiro. Essa turma tem conexão e interesses comuns com o Centrão.
As bravatas de Bolsonaro insinuando que pode impor um regime autoritário com o uso das forças armadas, a quem ele recorre nas entrelinhas de seus discursos para ameaçar a seus opositores e o povo brasileiro, parece que foram desmascaradas pelos lideres do Centrão. Era blefe, ninguém mas teme Bolsonaro.
A declaração lida pelo presidente da Câmara Federal, na tarde após o anúncio do comitê, afirmando que para o descontrole, a falta de sensibilidade com a crise humanitária que vivemos, o negacionismo, a promoção de conflitos, existe um remédio amargo no Congresso, que resolve.
O presidente da Câmara está sentado em cima de dezenas de pedidos de impeachment, basta escolher um. Bolsonaro não tem maioria, a maioria é do Centrão. E nesse caso, a oposição faz coro.
Bolsonaro tentará reagir de todas as formas apelando para os seus fanáticos e lunáticos terraplanistas e a sua milícia digital. Porque, ao que é possível perceber, as Forças Armadas não comungam com as ideias do capitão.
Pragmáticos, cautelosos e fisiológicos como são, é certo que o Centrão recebeu alguma sinalização de setores das Forças Armadas para parar o louco.
Pediram a cabeça de Ernesto Araújo, para que o País restabeleça as boas relações internacionais e honre a tradição do Itamaraty. O Brasil se encontra num isolamento internacional vergonhoso e Bolsonaro é ridicularizado em todos os veículos de comunicação do mundo. No exterior, o brasileiro ganhou dois apelidos: Corona e Covid.
O fator desestabilizador foi a inesperada recuperação dos direitos políticos de Lula e a confirmação da suspeição do Marreco de Curitiba como juiz ladrão.
O discurso de Lula precipitou a agenda política da sucessão. Mostrou a abissal diferença entre os dois personagens e todos os atores políticos se movimentaram. E de alguma forma incorporaram as propostas sugeridas pelo ex-presidente.
Saídos do baixo clero do Congresso, o Centrão se repaginou. Deixam o protagonismo a bancada da bala, ruralistas e coronéis, entram em cena o agronegócio, planos de saúde, mercado financeiro, privatistas e rentistas coadjuvados por evangélicos.
Se antes contentavam-se com uma parte do bolo, o que fizeram com êxito até o conflito com Dilma. Assumem o protagonismo com o golpe de 2016, dividindo o butim com o PMDB e PSDB a partir do governo Temer.
As eleições de 2018, ápice da crise de representatividade política, reorganiza o tabuleiro do jogo no Congresso, transformam PMDB e PSDB em pequenos partidos e fortalecem o Centrão, que vinha ampliando o controle sobre várias legendas, reorganizando e renomeando outras. Hoje, no Congresso, PSDB e MDB são linhas auxiliares do Centrão.
Foram rios de dinheiro para ampliar bancadas, e, oportunistas que são, potencializaram o êxito pegando carona na onda Bolsonaro, a quem apóiam quando percebem que não iria emergir candidatura capaz de se sobrepor a polarização construída por Bolsonaro e muito bem vinda pelo PT.
Surge das urnas um Centrão fortalecido e com quadros muito mais qualificados para o debate e articulação política. Ali todos sabiam quem é Bolsonaro. Vão para a base do governo com 3 ministérios, incluindo Saúde e Agricultura, dois super orçamentos.
O Centrão no decorrer de 2019/20 vai ampliando a sua participação no governo conforme a agenda econômica de Paulo Guedes necessita de seus votos e as barbaridades previsíveis de Bolsonaro e sua turma vão se acumulando, sinalizando impeachment.
Chega a pandemia e se inicia o confronto de Bolsonaro com governadores, com a comunidade científica mundial, a sensatez e a lógica. Os pedidos de impeachment se multiplicam e vão levando Bolsonaro cada dia mais para o colo do Centrão.
Em um drible digno de Maradona, o Centrão finge que Bolsonaro está indicando para sucessão da presidência da Câmara e Senado os candidatos previamente escolhidos pelo Centrão. De lambuja, levam para esse consórcio de partidos fisiológicos três bilhões e meio em emendas parlamentares.
Bolsonaro foi cozinhado em fogo morno, não que ele seja um otário inexperiente, mas parece que sua esperteza é mais adequada aos padrões milicianos.
Um cara com problemas cognitivos não percebe as sutilezas de especialistas em dar voltas, fazer manobras, promover frituras e emparedar governos. As ratazanas aqui são muito mais adestradas.
O próximo a desertar da tropa do capitão será Paulo Guedes, e nem precisa sair do governo. Ele só é leal ao dinheiro e a sua cartilha ultra liberal tem mais afinidades com os cardeais do Centrão que com a alucinada cruzada de Bolsonaro do nada para lugar nenhum, a não ser a de propagandista do covid.
O Centrão é uma convergência de interesses privados que se apropria do Estado para favorecer seus negócios, estabelecer privilégios e legislar em causa própria. Não tem vocação para a autofagia, prática comum às esquerdas. E são gulosos.
São contra políticas emancipatórias para o povo brasileiro. Estado forte e indutor do desenvolvimento, investimento em ciência e tecnologia nacional, reforma agrária, direitos trabalhista, direitos indígenas, quilombolas e de comunidades extrativistas; ensino público gratuito em todos os níveis e políticas ambientais e de inclusão não fazem parte de sua agenda. E apóiam a agenda ultra conservadora de repressão a sexualidade e costumes, dos evangélicos.
A nossa viagem ao fundo do poço é tão trágica que chegamos a respirar aliviados com a interdição de Bolsonaro pelo Centrão. Que se credenciou a ser seu curador.

Mas o país nas mãos do Centrão é o pior dos mundos para o povo trabalhador a médio e longo prazos. Entreguistas, colonizados, subservientes ao capital, sem apreço pelo povo brasileiro e sua cultura e concentrados em ampliar os negócios e o poder de seus associados.
Nunca chegariam ao poder pelo voto, mas estão se especializando em tomar o poder com manobras parlamentares. Desde o golpe em Dilma vivemos o parlamentarismo às avessas.
A mídia corporativa insiste em não reconhecer sua participação na tragédia que vivemos. Especialmente as organizações Globo que tentam salvar Moro, Dallagnol e quadrilha.
Apesar de baterem em Bolsonaro, foi criado um cinto de proteção midiático sobre Paulo Guedes, o agente do arrojo sobre o trabalhador e da entrega dos ativos do país ao mercado financeiro nacional e internacional.
O PT, principal força de oposição, segue com seu discurso de última virgem. Insistem em não reconhecer que participavam de rateios junto as empreiteiras e grandes empresas arrecadando para o caixa 2 das campanhas eleitorais, quando parlamentares do PSDB, MDB, DEM, PP, PTB e outras legendas já itiram. Sequer fez uma reflexão sobre os expurgos e saídas de muita gente digna da legenda, desde o mensalão.
Sua cúpula segue lendo a cartilha de Zé Dirceu, sujeito extremamente convincente que fala em forças progressistas, gestão revolucionária, tem métodos stalinistas trotkistas e inventou o governo de coalizão de esquerda. Com o pior que havia de fisiologistas e coronelismo disponível.
Estão aprisionados em uma mentalidade sindicalista de meados do século ado e a um estamento burocrático que tentam impor internamente como também aos partidos aliados e movimentos sociais.
Sustentam essa pretensão de hegemonia hierarquizada e autoritária, por haver em seus quadros o candidato natural das esquerdas a presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. felizmente Lula é maior que a legenda PTista e tem poder agregador e de aglutinação mais amplo.
Os acertos com políticas de inclusão não podem encobrir os muitos erros que o Partido vem cometendo ao longo dos anos, especialmente os acordos e coligações constrangedores para o militante de esquerda. Isso vem descaracterizando a legenda, impedindo sua renovação e promovendo a saída de quadros ideologicamente combativos e qualificados.
Hoje a mobilização política social ocorre nos movimentos pela educação, clima, meio ambiente, moradia, o a terra, direitos civis, diversidade, gênero. O sindicalismo foi exaurido pelas mudanças nos modos de produção e na legislação trabalhista, introduzidas por muitos que um dia o PT chamou de aliados.
Teóricos e estudiosos da relação capital trabalho já falam em proletariado digital. Massa de milhões de pessoas dedicadas às redes sociais e aplicativos, trabalhando até 12 horas dia, produzindo conteúdo e prestando serviços sub remunerados ou gratuitos.
Likes e os engordam contas trilionárias, transformam empresas do cyberspace em mega e hipervalorizadas corporações, enquanto a robótica e a inteligência artificial avançam sobre os postos de trabalho.
O PT envelheceu muito rápido, precisa se reinventar e dialogar com a esquerda e o centro progressista e democrático. Mas um diálogo em pé de igualdade, focado nas soluções para a grande massa de trabalhadores e excluídos de nosso país, sem hierarquizar posições por ter Lula.
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Estamos metidos nessa encruzilhada. Não há indicativo que teremos uma convergência de forças progressistas para uma frente democrática capaz de dar sustentação a candidatura de Lula.
Existe uma ameaça concreta de manobra no judiciário para manter Lula inelegível. As forças que deram o golpe em 2016 e bancaram sua exclusão do pleito em 2018 estão ativas, no poder, e não vão querer largar o osso.
O fortalecimento do Centrão, controlando as duas casas do legislativo e sua súbita ascensão ao poder central com o controle de grande parte da maquina estatal, os fará arriscar uma candidatura.
Doria, Mandetta, Rodrigo Pacheco (que já se pronuncia com postura de presidente), Eduardo Leite, Romeu Zema, ACM Neto, todos serão jogados em um tubo de ensaio na tentativa de emergir uma candidatura viável.
Enquanto isso, estarão tramando com as forças anti Lula para excluí-lo do pleito de 2022. Ao mesmo tempo, proporão ao PT um acordo, para estarem na base de apoio de um futuro governo Lula. Assim é o Centrão.
O mundo esta espantado com a aberração política que produzimos ao eleger Bolsonaro, mas o mundo já viu outros loucos governarem. Nero, Calígula, Napoleão, Ivan, Hitler, Idi Amin, Trump também governaram nações e até impérios, mas todos eram mais inteligentes que Bolsonaro. Bolsonaro esta mais para Jânio Quadros, sendo também, bem menos inteligente que ele.
O Brasil se reencontrará com o seu futuro, de paz, diversidade, igualdade e inclusão social. Que espero seja com a eleição de Lula em 2022.
— * Paulo Cidmil, santareno, é diretor de Produção Artística e ativista cultural. Escreve regularmente neste blog.
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Você é eleitor do Lula, estou decepcionado
Bolsonaro é uma aberração. E a dupla Lula e Dilma é o quê?
O governo de extrema direita, fascista, nazista, negacionista e miliciano, durou apenas dois anos. A partir de agora quem governa, são os Ratos do centrão comandados por Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, o Bozo e o Mourão de cerca, aram a ser ventríloquos, dois postes fardados pagando micos.
Mesmo um petista doente pode escrever um bom artigo.