Boa parte deste texto foi escrito nos primeiros meses do novo governo, por volta de fevereiro e março. Por vezes, quis prepará-lo para publicação, mas conforme novas revelações iam aparecendo, ele ia sendo adiado.
Agora, porém, corro o risco de o texto simplesmente ficar desatualizado nos próximos dias, mas é um risco que, neste momento, estou disposto a correr.
Lembro que, no tempo da eleição, o slogan era: me chamam de fascista, de homofóbico e de racista porque não podem me chamar de corrupto. Bom, acho que todos podemos concordar que amos dessa fase.
Para mim, é bastante claro que a vasta maioria dos políticos representantes da “nova” direita internacional são corruptos e tem que lidar com escândalos diariamente. Jair é só mais um.
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Da mesma forma, o apelo que faço neste texto – direcionado àqueles que ainda acreditam na enfraquecida democracia – é válido também para todos esses países que lidam com fenômenos parecidos. Em todos estes países, houve pessoas de bem que votaram pela direita, e que tinham preocupações reais e justificadas com seus países. Claro, existem os fascistas, homofóbicos e racistas, mas esses são minoria.
Eram tratados como excluídos da sociedade até alguns anos atrás. A verdade é que, mesmo com o aumento do número de pessoas que falam de política nos últimos anos, ainda é grande o segmento da população que simplesmente não faz dela uma parte relevante do seu dia a dia, e é dessas que eu gostaria de falar.
O objetivo deste texto é fazer um apelo – principalmente para a esquerda – que tenha cuidado com o bullying com os eleitores de Jair. Conforme os escândalos vão aparecendo – sejam eles ligados às milícias, à cocaína, aos vazamentos, a motoristas, às transações bancarias suspeitas, às candidaturas fantasmas, ao meio ambiente, à compra de deputados por via de emendas, ao abuso de autoridade, ao sequestro de crianças indígenas, aos ataques à imprensa ou mesmo à evidente dificuldade de Jair de lidar com a Língua Portuguesa – é importante ter noção de algumas coisas.
Se ainda existem aqueles que, mesmo sob a luz de tudo isto, ainda são defensores do presidente, talvez esses mereçam um pouco de bullying. De fato, é divertido. Mas, como foi dito, existe uma parcela significante de pessoas que votaram por preocupações que eu e você compartilhamos.
Essas pessoas não ligam muito para política, e fazer bullying com elas é dar um tiro no pé. O momento é de estabelecer diálogo e trazê-las para o lado “certo da história” – expressão, ao meu ver, extremamente problemática, mas que sei que irão entender. É crucial lembrarmos que são pessoas como nós e que não fazem parte do MBL ou da Havan.
Tratá-las como burras ou ineptas a votar de acordo com seus próprios interesses é um erro, ao meu ver, evidente. Os exemplos mais recentes disso talvez sejam policiais e pesquisadores.
Algumas páginas de esquerda nas redes sociais – frequentemente dedicadas a este tipo de bullying – os tratam com um tom de desdenho que incomoda. Por vezes, os expõem e os tratam como a escória da sociedade, o que não é verdade.
Precisamos delas para que, em um futuro bem próximo, possamos retornar a uma agenda de desenvolvimento sustentável e de inclusão e, acima disso, para que nos ajudem a não cometer os mesmos erros que nos trouxeram a essa situação.
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Jair e Sergio são charlatões e não têm uma proposta de país. Por vezes, gostaria de acreditar no contrário mas, conforme palavras saem de suas bocas, me convenço mais de que estamos em mãos erradas. Porém, é necessário não desistir. É preciso acreditar que tempos bons estão por vir porque, caso contrário, o poder sobra na mão deles.
Precisamos dos eleitores deles da mesma forma que eles não conseguiriam ter vencido se não tivessem eleitores que um dia foram nossos. A reportagem da Veja (!) é bastante importante (!). Conversa com um segmento da população que a Mídia Ninja, a Revista Fórum e o Brasil 247 não conversam. Não por incompetência, claro, mas por ter que pregar pra quem já está convertido.
Embora tenhamos que esperar pelo que vai acontecer nas próximas semanas, o desgaste do lado deles já é bastante visível. Seguimos.
Por agora, grande dia.
— * Estudante universitário de Relações Internacionais, da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.
Beleza ! Então foi o Bolsonaro que levou o país à recessão, ao alto desemprego , a essa corrupção endêmica ( mensalão, petrolão) e ao atraso econômico do Brasil ?
Não. Como também não fez absolutamente nada até agora, dos mais de 6 meses de gestão, para diminuir esse grave quadro de crise econômica. A reforma da Previdência, é bom lembrar, foi aprovada até agora apesar dele.
Texto raso eivado de preconceitos, mas não poderia ser diferentede a “esquerda aristocrata” que não exerga mais de um palmo a frente devido sua soberba, e nao conseguem avaliar os erros que cometeram e ainda esperam o condenado messias para liderar a marchar da libertação.
Nos dias atuais de alienação é importante um jovem fazer uma reflexão crítica e necessária. Parabéns pela lucidez e coerência