Foto: Romulo Canto
De Jerusalém, especial para o blog, Romulo Canto:
Jeso,
Estive esta manhã na casa do presidente Shimon Peres para a cerimônia de boas-vindas ao presidente Lula.
— ARTIGOS RELACIONADOS
A viajem se realiza em mais um desses momentos sensíveis que ocorrem aqui com tanta freqüência que já não soa tanto como novidade. Os motivos do momento são a declaração do governo israelense de que o Túmulo dos Patriarcas, em Hebrom, e o Túmulo de Raquel, em Belém (ambos na Cisjordania), são patrimônio religiosos de Israel, além do anúncio da construção de mais 1.600 casas na parte oriental de Jerusalém, à parte árabe da cidade.
Detalhe é que se fala em um incidente diplomático da parte do presidente Lula pelo cancelamento de uma visita ao túmulo doe Heretz, fundador do movimento sionista, que por sua vez contribuiu para a criação do estado moderno de Israel. O Itamarati justificou com a agenda cheia do presidente.
No primeiro momento, o presidente Lula foi recebido nos jardins da casa presidencial e se ouviram os hinos nacionais de cada respectivo país, e em seguida ambos os presidentes aram em revista as tropas e seguiram para um parlatório no próprio jardim.
O presidente israeliano foi só elogios a Lula e ao Brasil, a quem chamou de país maravilhoso. A Lula chamou de Cesar e destacou os avanços do Brasil nos últimos anos.
Uma fala interessante foi quando destacou a liberdade que as pessoas tem, seja qual for a “raça” ou religião, no Brasil, dizia Shimon: “Não a liberdade de serem iguais, mas a liberdade de serem diferentes”, em um claro referimento sobre o convívio pacífico dos mais diferentes grupos religiosos, de cor, de nação.
Em outro momento, falou sobre o que a visita representa: a “esperança em fato” de novas negociações de paz para o Oriente Médio (na edição de ontem [14/03] o jornal local Ha’aretz, chamava Lula de “profeta da esperança”).
Lula, por sua vez, fez uma breve memória das vezes que já se encontrou com Shimon e elogiou o seu empenho para a continuidade das negociações de paz, o chamou por três vezes de “cidadão do mundo”; afirmou que é convicto de que o povo brasileiro é o povo no mundo que mais preza pela paz, justificando que talvez esteja em nosso modo de ser, na nossa formação como povo, e que não existe uma única palavra que justifique a guerra, mas que existem milhares que justifiquem a paz.
Em um momento, filosofou dizendo que a arte da política é “a arte de vencer as tarefas que parecem impossíveis, é fazer com que no momento em que tudo parece perdido, as coisas aconteçam como deveriam acontecer”. Foi neste momento que insistiu que para as mesas de negociações se deveria ouvir mais pessoas, conversar com mais pessoas.
Por fim, fez referências as relações bilaterais entre os dois países e de que “ainda não usamos nem 20% do potencial de nossos países para crescer em amizade, desenvolver as nossas economias e bem-estar social”.
Após os discursos, ambos os presidentes seguiram para um encontro fechado na casa presidencial.
Estavam presente, ao menos que reconheci, junto a comitiva, o ministro Celson Amorim e o governador da Bahia, Jacques Vagner.
Amanhã, o presidente Lula visita a Cisjordania em um encontro com Abu Mazer pela manhã e visita a basílica da Natividade pela tarde. Pernoitara em Belém, um ato incomum para um chefe de estado. Depois prossegue para a Jordânia.
Um fato que ouvi por aqui é que amanhã 16/03) um grupo de religiosos judeus porá a pedra inicial de reconstrução do Templo de Salomão, na esplanada das mesquitas. Se iso realmente for verdade e vier a acontecer (espero que realmente não aconteça ou teremos o início real de uma guerra), então toda a “esperança” que Lula representa, como disse o presidente israeliano, irá voar junto com o pó de Hamisin (tempestade de areia do deserto) que temos por aqui esses dias…
O Romulo
valeu pelas noticias.
A paz é algo tão próximo da humanidade, porém, a mesma tenta em afastá-la, e traz para próximo de si egoismo, ódio, dissabores, e ainda, usam o nome de Deus de forma equivocada, provocando mais distanciamento do elemento paz.
Esta manhã se confima o rumor de que hoje um grupo de hebreus ortodoxos pretendem depositar na esplanada do templo a pedra fundamental de reconstrução do Templo. Será re-inalgurada a grande sinagoga no quarteirão hebraico no quarteirão hebaico da cidade velha. e em seguida caminhar ao monte do templo (esplanada das mesquitas) para depositar a pedra. Obviamente que não ocorrera, a policia e o exercito não permitirão, mas é um claro sinal do momento sensível que estamos vivendo. Se tal fato, em uma situação hipotética, vier a ocorrer, certamente será visto como uma afronta final necessária para o conflito tomar as vias de fato. Tal fato culminaria com a total desestabilização da frágil paz no oriente médio e no mundo.
A cidade velha esta fechada por policiais e homens do exercito, controlado os documentos de todos, indiscriminadamente, tanto de quem entra, como de quem sai…
Temo que as intenções de Lula siga pelo rumo do fracasso, não por fragilidade de argumentos, mas por indisposição das partes. Como diz o velho ditado: “Quando um não quer, dois não brigam!”