As crianças e o direito à cidade. Por Luanna Silva

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As crianças e o direito à cidade. Por Luanna Silva

Embora a educação venha de casa, grande parte do que é adquirido como experiência de vida acontece fora dela, no espaço em que o restante da vida aflora: nas ruas, no comércio, nas praças, no convívio direto com outras pessoas da comunidade.

A percepção do pertencimento ao território a também por se sentir seguro nele e com oportunidades de crescimento material e pessoal.

Às crianças e adolescentes isso tem sido negado. Não há espaço a contento, o que prevalece é o improviso e o risco, seja pelo espaço, seja por outras pessoas.

A importância de espaços de segurança e lazer é equivalente a importância de uma sala de aula. Um espaço onde não haja a prerrogativa da avaliação e necessidade de produção constante, apenas o desenvolvimento pelo ser e pelo brincar.

E a ausência de espaços como esse é uma situação de angústia que todos podem ver. A falta de visibilidade à necessidade de uma criança ao se desenvolver acarreta em prejuízos para a população de todas as idades.

É pela falta de um espaço seguro que muitas vezes os celulares são entregues aos filhos ou um adolescente busca algo que pode deixá-lo fora de si, como forma de extravasar a pressão e falta de uma perspectiva que sente que o compreende e aceita, e que o estimule a ser simplesmente ele mesmo.

A adolescência é um período de busca por apreciação e de forte auto julgamento, é imprescindível apoiar e orientar.

A falta de o a um espaço de qualidade para o convívio, para o desenvolvimento físico e descanso mental diminui as certezas quanto à saúde e bem estar mental da população toda.

Os reflexos disso são sentidos pela escola, pela família e o entorno social, e uma criança ou um adolescente (ou os dois) acabam muitas vezes por ser vistos como um problema, um resultado malfadado de uma negligência local, quando é na verdade uma questão muito maior, de saúde pública e mental, começando em crianças e adolescentes, mas capaz de marcar famílias inteiras.


➽➽ Luanna Silva é de Santarém (PA), onde se fez e concluiu o curso superior em psicologia. Escreve regularmente no JC. Leia também dela: O luto das mulheres: um corpo, um alvo, o medo. E ainda: Julieta, sonho de palhaça em duas rodas fulminado.

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