Anamnese
Fiz um poema em um prontuário.
Não tinha queixa principal, sintomas e nem horários.
Foquei na história sem fim do paciente,
da furada de prego na infância à doença de agora,
ando por sarampos, fraturas, diabetes e pressão alta.
Ficou a impressão alta de que algo faltava…
Levei asperamente a mão pelo meu cabelo
para depois – com pose de sabichão – repousá-la no mento.
– Já resolvo seu caso, só um momento!
Era um caso crônico de falta de poesia!
A falta de versos (lidos, escritos ou vividos)
fez do homem um doente, um problema.
Para evitar complicações e efeitos adversos, pus no receituário:
Drummond e Bandeira duas vezes ao dia, por qualquer via.
Consulta encerrada. Aguardo retorno.
E para o próximo médico,
se não entender meus métodos ou minha promessa de cura,
deixei anotado um lembrete, um conselho:
– Fazer revisão de Literatura.
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* De João Alho, poeta santareno. É dele o blog Leia no verso.
João
Obrigado por nos oferecer tão belos poemas. É uma delícia lê-los.
Parabéns
PS: está correta a concordância e esta palavra:lê-los?. Me corrija se errado estiver.
Jeso, muito obrigado mais uma vez. Pelos teus diversos posts da série “Poetas Amazonicos” já suspeitava do teu encanto pelos versos, mas jamais pensei que os meus apareceriam por aqui (mais uma vez!). Nesta quinta-feira estarei concorrendo com dois poemas no Concurso Municipal de Poesia no Salão do Livro, são elas “Sábia Praticidade” e “Ponteiros”.
Já estou com alguns textos escritos e em breve o blog estará com novidades. Abraços
João, continue versejando, para o nosso deleite!