Tenho olhado para a lua. Por Alessandra Helena Corrêa

Publicado em por em Crônica

Eu Tenho olhado a rua. Por Alessandra Helena Corrêa


“Tenho fases, como a lua. Fases de andar escondida, fases de vir para a rua (…) Fases que vão e vêm, no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso.” (Cecilia Meireles)


Frequentemente tenho o hábito de olhar para o céu a procura do seu maior expoente, a lua. Curiosamente, a cada retrato lunar feito com meus olhos de iradora descompensada, sou hipnotizada pela beleza descomunal desse satélite natural.

— LEIA também de Alessandra: Meu pai não está no quarto ao lado.

Testemunha de tantas histórias, guia de muitos guerreiros, protagonista de vários romances; a lua é assim, tem o fascínio único de despertar as emoções caladas no barulho tumultuado da luz do dia.

A lua é mais que um fenômeno da natureza, um satélite nesse Universo, ou um desejo humano de descoberta. A lua é companhia em noites escuras; escudo dos que choram; confidente dos que sorriem, ouvinte dos que sonham, depoente de quem ama.

A força centrífuga, exercida pela lua sobre a vida na Terra, afasta os corpos do centro de rotação. Segundo alguns estudiosos, suas fases representariam influências em fenômenos da natureza, sentidos muitas vezes por nós.

É, faz sentido, porque eu tenho olhado para a Lua!

E ao olhar vejo nela o despertar das fases, fases que como ela todos têm. “Fases de andar escondido, fases de vir para rua… fases que vão e vêm”.

Tenho olhado para a lua!

Olho e vejo que não somos apenas um – e que nem devemos ser. Que temos uma única vida, que somos apenas um ser; mas que temos existências várias, múltiplas a acontecer.

Enfim! Tenho olhado para a lua …

Olho e vejo que não existe apenas um ciclo a cumprir. São muitos, vários a suceder. Alguns acabamos, outros deixamos de viver. Contudo, nas várias fases da vida, é preciso pertencer.

— Cheiro: O aroma das minhas lembranças. Por Alessandra Helena Corrêa.

Sim, tenho olhado para a lua!

E a certeza é de engano. Enganamo-nos no “tudo planeado” – e que assim será. Enganamo-nos no “Está escrito” – é, pois não está! Enganamo-nos nos medos, nas certezas e convicções. Enganamo-nos nas dores, nas brigas, nas separações.

Mas sim, tenho olhado para a lua!

E fiquei a pensar na mágica da existência; nas surpresas que ela nos traz. Na mágica da vida, na necessidade de paz.

Paz que se constrói, junto aos sonhos e às alegrias; juntos aos amigos e prazeres … um buquê de harmonia.

Pois se é para viver, se é para aqui estar; se esse é o mundo que nos foi dado e essa vida concedida, vivamos as fases todas e de maneira desmedida.

Nova, crescente, minguante; disseminada ou … CHEIA.

O que vale é a ebulição da alma; o dispersar das energias, o desencontro dos encontros. A órbita perfeita na nossa breve liturgia.

É, eu sei! Eu tenho olhado para a lua.

<strong>Alessandra Helena Corrêa</strong>
Alessandra Helena Corrêa

Santarena, é graduada em licenciatura plena em Letras (Ufopa). Faz mestrado atualmente em Estudos Literários, Culturais e Interartes na Universidade do Porto, Portugal, onde reside. No Instagram: @alehhelena


Publicado por:

7 Responses to Tenho olhado para a lua. Por Alessandra Helena Corrêa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *