Por que dormimos?

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por Samuel Gueiros (*)

Samuel Gueiros - Blog do JesoEssa pergunta foi o tema da conferência de abertura do 30º Congresso Brasileiro de Neurofisiologia Clínica, encerrado ontem (7), no Rio de Janeiro.

Na atual sociedade, as pessoas estão ficando cada vez mais acordadas e dormindo menos. Por isso, o comportamento do cérebro durante o sono e os sonhos foi estudado utilizando-se tecnologia e equipamentos de última geração.

Ao tentar encontrar resposta para a pergunta sobre porque dormimos, o pesquisador americano Jerome Siegel chegou a algumas conclusões estudando o sono em várias espécies de animais: as maioria dos animais não dorme muito, mesmo animais de grande porte, mas nos humanos estabeleceu-se que a média ideal de sono é de 7 horas e temos que dormir principalmente no período noturno.

A principal função já estabelecida em relação ao sono é a atividade do cérebro na organização e consolidação da memória. E as funções cerebrais só ocorrem de forma adequada na presença de uma substância, a melatonina, que só é produzida no cérebro durante a noite.

Ou seja, quando menos dormimos à noite, ou tentamos dormir de dia, trocando o dia pela noite, vamos desenvolvendo perturbações na nossa memória. É por isso que muitas pessoas ficam pensando que estão com doença de Alzheimer, mas se esquecem que estão apenas dormindo menos do que deveriam. Sonos ou sonecas durante o dia não exercem as principais funções do sono. pois durante o dia a melatonina não é produzida.

Os aspectos de alta competitividade e necessidade de cada vez mais tempo para múltiplas atividades, como trabalhar, estudar e ar a internet, acabam provocando ansiedades, depressão e consequentemente mais problemas de sono.

Além disso, a população que trabalha durante a noite, em hospitais, vigilância, postos de serviço e computadores, vão se tornando mais vulneráveis a problemas neuropsiquiátricos, principalmente em relação à memória.

A maioria da população de adolescentes e jovens que tem celulares e internet permanecem cada vez mais acordada, varando a madrugada na expectativa de mensagens, ligações ou simplesmente se estão adicionando ou sendo adicionadas.

Outras pessoas pesquisam freneticamente na internet sobre tudo, inclusive sobre seus sintomas, doenças, medicamentos, receitas, horóscopos, resultados de jogos ou simples pesquisas escolares ou universitárias, deixando-as as vezes confusas e sem sono. Essa overdose de internet, principalmente durante a noite, vai provocar falhas da memória e baixa produtividade escolar e universitária ou mesmo no trabalho.

Quanto aos sonhos, estudado por um pesquisados austríaco, ainda não se descobriu exatamente para que ele serve, mas se sabe que as mulheres se lembram mais sobre o que sonharam e que alguns medicamentos podem perturbar o ritmo de sono, ocasionando, por isso, sonhos ruins, ou pesadelos.

O congresso abordou ainda novos recursos para o tratamento de doenças neuropsiquiátricas com uma nova tecnologia, a Estimulação Magnética Transcraniana, um método que reduz ou até elimina a necessidade de se utilizar medicamentos, embora seja ainda de alto custo.

Finalmente, uma importante constatação é a de que novos e mais caros medicamentos lançados recentemente para o tratamento de vários distúrbios neuropsiquiátricos não são melhores do que alguns medicamentos mais antigos, e que por terem ficado mais baratos, estão sendo abandonados pela indústria farmacêutica.

aram a fabricar alguns novos medicamentos mais caros com uma intensa campanha de marketing para a prescrição médica, mas cuja eficácia é em grande parte praticamente a mesma dos antigos medicamentos, principalmente em relação a doenças mentais de natureza crônica.

Drogas que eram utilizadas há mais de 50 anos no tratamento da epilepsia, por exemplo, ainda são tão eficazes e com menos efeitos colaterais quanto as mais novas, de alto custo.

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* É médico neuropsiquiatra. Trabalha e reside em Santarém.


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4 Responses to Por que dormimos?

  • O meu sono seria o ideal se a VIVO e a CELPA colaborassem. Ninguém merece esses picos de energia durante a madrugada e essa internet que só é boa no horário do corujão.

  • Samuel, obrigado por socializar tão importantes informações.
    Faz tempo que não nos encontramos, mas o tenho em minha lembrança especialmente nos debates e nas reflexões em torno da montagem de um amplo movimento de oposição, sonhando com uma Santarém melhor. As condições objetivas não permitiram que aqueles sonhos fossem testados, mas eles permanecem vivos, nos que acreditavam e ainda acreditam que é possível mudar, incorporando acertos e corrigindo erros. Mas, para que possamos sonhar assim, temos que continuar lúcidos, daí ser muito importante saber mais sobre o sono, para que possamos ter melhores sonhos, dormindo, ou acordado.

    1. Olá, Anselmo, muito boas suas lembranças. Mas olha, aí estão os “filhotes” daquele movimento de 1988, que chegaram ao poder. O grupo do PT, e agora, o Alexandre, do antigo PDT. Em algumas situações tivemos pesadelos, em outras acho que dormimos demais e recentemente o movimento separatista deixou muita gente de olho mais aberto. Entretanto, um balanço mais realista daqueles sonhos só poderá ser sopesado pelas próximas gerações. Sem dúvida, os personagens daquele movimento chegaram lá e estão tendo sua chance. Mas lembro Gilberto Gil: “o sonho acabou, foi pesado o sonho pra quem não sonhou”.

  • Sem conhecimento de base científica, sempre priorizei o sono noturno como indispensãvel à manutenção de boa saúde.Quanto a Internet, mal dos dias atuais altamente indispensável às nossas vidas.Tudo, óbvio, utilizado comedidamente.

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