Paridade, vítima do jogo pelo poder na Ufopa

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por Wallace Carneiro de Sousa (*)

Eleições UFOPA - seloEm clima de eleições, a Universidade Federal do Oeste do Pará exaspera articulações, não só entre as pretensas chapas, mas todos aqueles que as rodeiam.

Um jogo de acusações é instaurado, fazendo como refém todos aqueles e aquilo que possa representar perigo para o sucesso de um projeto eleitoral.

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Culto à hipocrisia.

A última vítima desse desesperado jogo pelo poder foi a tão sonhada paridade. Trata-se do sistema de votação em que discentes, docentes e técnicos contribuem de forma igualitária na escolha para reitor e vice-reitor da universidade, cada categoria com o peso de 33,33% dos votos.

A estratégia tomada foi a fórmula aprovada pelo conselho universitário pró-tempore, em que é privilegiado o número total de eleitores, fazendo com que as categorias que tiverem o maior número de abstenção seja penalizada com a redução da porcentagem informada acima.

Ressalta-se que as três categorias se reuniram e deliberaram pela formula que o cálculo girava em torno do total de eleitores, assim, garantindo a efetiva paridade e não deixando que qualquer categoria contribua com menos de 33,33%.

O argumento utilizado pela maioria dos integrantes que compõe a istração Superior era a de que a fórmula defendida pelas categorias privilegiava uma determinada pré-chapa e por isso quem defendesse tal fórmula estaria contaminando o processo eleitoral com intenções escusas.

Na verdade, o que estava em jogo era a influencia do peso dos votos dos estudantes, pois esta categoria historicamente possui um alto índice de abstenção nas eleições, desta forma, a fórmula defendida pelas categorias corrigia essa distorção, retornando a essa categoria o devido peso.

No entanto, esse argumento desnudava a própria intenção da istração Superior, que era a de diminuir o máximo a participação dos discentes no processo, por entender que a chapa que representa a situação não gozaria do apoio daquela categoria.

Portanto, mais uma vez Reitoria e Cia não pouparam reféns e executaram nossos sonhos, desmerecendo nossas lutas e desrespeitando o que as próprias categorias democratamente decidiram.

Pergunto-me se durante todo o processo eleitoral, as regras ficaram tão frágeis e se sucumbirão frente a interesses puramente de favorecimento de campanha? Por enquanto, o que se demonstra é apenas o fosso – diria hiato, mas esta distância está cada vez mais profunda – entre a reitoria e a democracia.

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* Santareno, é servidor público federal e militante do PSOL.


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3 Responses to Paridade, vítima do jogo pelo poder na Ufopa

  • Excelente contribuição do professor e estatístico Edilan Quaresma. Se a Reitoria e Comissão Eleitoral estão verdadeiramente imbuídos do propósito de tornar esta consulta livre de vícios, deveria adotar esta fórmula. E se assim não o fizer, cabe aos candidatos fazer esta reivindicação, em nome da lisura e da seriedade do processo.

  • Embora a legislação vigente (Lei N.º 9.192/95) que regulamenta o processo de escolha dos dirigentes universitários, determine a proporcionalidade nas escolhas para reitor nas universidades públicas brasileiras, com peso de setenta por cento para a manifestação do pessoal docente em relação à das demais categorias, há um consenso moral que prima pelo respeito e valorização das diferentes categorias que constituem a universidade, a saber, discentes, técnicos e docentes, e sugere o uso da paridade entre as categorias na escolha do seu dirigente, a conhecida eleição paritária.

    No caso da UFOPA, onde o número de alunos (7000) é 2.641,509% maior que dos docentes (265) e 1.891,892% maior que dos técnicos (370), parece razoável entender que a paridade torna-se um instrumento injusto, de desigualdade, requisitos amplamente rejeitados pela essência da defesa proposta pelo voto paritário.

    Uma forma razoável que primaria pela mensuração do grau de importância que deve ser atribuído a cada uma das categorias, minimizando os possíveis danos de desigualdade, e valorizando o corretamente justo na representatividade dos pares envolvidos, deveria considerar a relação de cada uma das categorias por, por exemplo, a de menor contingente, no caso o número de docentes. Se assim o fosse feito e, ainda, utilizando os possíveis números de eleitores nas categorias, teríamos a seguinte relação que igualaria as categorias de forma realmente paritária:
    _______________________________________________________
    Nº Alunos 7000(a) Relação Doc/Est 0,03785714 (*)
    Nº Técnicos 370(a) Relação Doc/Tec 0,7162162 (**)
    Nº Docentes 265(a) Relação Doc/Doc 1
    _______________________________________________________
    Nota: (a) Dados utilizados a título de exemplificação, não correspondendo necessariamente aos dados reais.
    (*) 0,03785714 mede a relação do voto de um aluno para cada professor. Alternativamente, pode ser lido como 26,41509 indicando que 1 voto docente se equipara a 26,41509 votos de estudantes.
    (**) 0,7162162 mede a relação do voto de um técnico para cada professor. Alternativamente, pode ser lido como 1,396226 indicando que 1 voto docente se equipara a 1,396226 votos de técnicos.

    Considerando o fato de toda população, nas três categorias, exercerem o direito de voto, um procedimento estatisticamente coerente seria usar a média ponderada, para cada um dos candidatos elegíveis, da seguinte forma:

    Votos=(0,03785714.Estudantes+0,7162161.Técnicos+Docentes)/(1+0,03785714+0,7162162))

    Obviamente que os valores referentes a relação docente/técnico e docente/aluno mudaria de acordo com o número de votantes em cada categoria.

    Sem pensar na fórmula que poderia ser melhor para uma ou outra chapa, creio que a aqui apresentada mostra-se desnuda de possíveis privilégios a qualquer uma das partes e poderia ser igualmente utilizada em outros pleitos eleitorais com características similares.

    Prof. Edilan de Sant’Ana Quaresma
    Estatístico e professor do ICED/UFOPA

  • Infelizmente sempre foi assim, as ecolhas estão nas mãos de pessoas que lutam por um próprio benefício e ainda tem os que se corrompem afim de participar da “teta da vaca”, a única coisa que queremos são lideranças responsáveis que verdadeiramente lutem pelo interesse da comunidade. Não pode-se dizer que todos fazem parte do mesmo caldo, livram-se alguns como na história de Ló e sua família, vivemos no momento de Sodoma e Gomorra, fogo e desvairadas críticas sem fundamentos, que surgem apenas denegrir a imagem dos poucos que tem capacidade de fazer algo pela Ufopa. Espero que essa eleição possa ser justa e limpa.

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