Danos ambientais no igarapé de Mojuí

Publicado em por em Artigos, cidade, Oeste do Pará

por Yago Estouco (*)

O mais famoso balneário do município de Mojuí dos Campos, conhecido como Beira Rio, está sofrendo sérios danos ambientais provocados pela ação humana. O igarapé que banha o município (e que deságua no rio Moju, junto à vila de Vista Alegre) está tendo um acelerado processo de assoreamento provocado pela falta da mata ciliar.

O assoreamento do igarapé já está em um nível bastante elevado. O volume de água está reduzido e há trechos que já estão soterrados por barro e piçarra trazidos pelas chuvas das ruas acima do curso d’água, bem como por algumas propriedades cortadas pelo referido igarapé, cujos proprietários estão desmantando toda a margem, descumprindo a legislação sem sofrer nenhuma punição, o que mostra a omissão ou a falta de fiscalização dos órgãos ambientais.

Por outro lado, falta consciência da própria população. Como exemplo, podemos citar um trabalho desenvolvido pela turma de Gestão Ambiental (2010) do Instituto Esperança de Ensino Superior – Iespes que, sob a coordenação da professora Nereida, executou um projeto de reflorestamento, que simplesmente foi destruído por pessoas da própria localidade.

Outro agravante ocorre pelo fato de que grande parte do esgoto do município é despejado no igarapé sem nenhum tipo de tratamento. O esgoto da maioria das casas é diretamente lançado no igarapé, o que prejudica a qualidade da água e pode levar à incidência de várias doenças às pessoas, principalmente crianças que tomam banho e consomem dessa água.

A construção da ponte, que nem sequer foi inaugurada, é outro problema, pois o que sobrou da antiga ponte e o resto da piçarra utilizado para compactar a nova estão jogados nas margens do curso d’água, e está sendo levado pelas enxurradas para o leito do igarapé aumentando ainda mais o problema do assoreamento.

Se não forem tomadas medidas conjuntas entre os órgãos responsáveis e a sociedade, para corrigir e prevenir esses impactos, a situação do igarapé tende a piorar, o que deixaria o Mojuí dos Campos, o mais novo município do Pará, em uma situação bastante crítica do ponto de vista ambiental.

E este é apenas um dos inúmeros problemas que o futuro gestor terá que se empenhar em buscar solução, já que inúmeras famílias utilizam o igarapé ao longo de seu curso.

Lembrando que os primeiros moradores se situaram neste vale devido a abundância de águas deste manancial. Não podemos deixar que uma das belezas naturais, que mais encantaram nossos anteados, se acabe com o tempo pela falta de cuidado dos que hoje habitam este novo município.

– – – – – – – – – – – – – – – – — – – –

* É concluinte do curso de Gestão Ambiental, do Iespes.


Publicado por:

8 Responses to Danos ambientais no igarapé de Mojuí

  • Boa tarde,

    Yago, essa é uma boa divulgação do grande problema que temos em nossa cidade. No entanto, esse problema a cada dia vem aumentando, se nossas autoridades não tomarem uma ação a ser executadada urgentimente, nosso igarapé ‘Beira Rio’ e os demais fluentes que surge dele, ira a cada dia sofrendo com os impactos causados pela ação humana. Vamos cuida do que ainda existe.

    Continue assim, a luta existe para vencermos.

    Parabéns!

  • Sra Sivana Mendes: uma boa matéria para seus alunos explorarem quando as águas do Tapajós baixarem: Estacas de cimento poluem orla santarena, cartão postal da nossa sofrida e maltratada Santarém. Ainda há esperança em estado latente.

  • Estouco

    Fico feliz em ver sua atuação na área ambiental junto ao local em que moras. Tens empenho e potencial. Siga a premissa do brasileiro ‘não desista nunca’. Às vezes as pessoas só precisam de novas ideias para mudar antigas práticas, então … boa sorte!

    D. Oliveira

  • Realmente Yago a situação ambiental do Igarapé Beira Rio está crítica, espero que a sociedade acorde deste sono profundo que a grande maioria vive e comece a agir de forma consciente com a natureza, pensando nas gerações futuras que também precisarão desses recursos naturais. Nós como Gestores Ambientais sabemos que o percurso da conscientização é longo, mais nunca desistiremos de percorrer.
    Parabéns, ótimo trabalho.

  • Eu tenho uma propriedade 1500mts a frente do Beira Rio ou Cai na água como é conhecido o Igarapé, lá existia um banho em cima do igarapé, deixei a mata ciliar se recuperar e abandonei o banho para reconstituição natural.
    Em frente ao meu terreno aconteceu o contrário, inauguraram um balneário, com limpeza da área que tem declive acentuado favorecendo erosão.
    O futuro prefeito já tem um trabalho grande pela frente, facilitar a conscientização dos moradores locais.

  • Caro Yago; HÁ VÁRIOS ANOS VENHO DENUNCIANDO O DANO AMBIENTAL QUE A CONSTRUTORA MELLO DE AZEVEDO CAUSAU A ORLA ONDE CONSTRUIU O NOVO CAIS, QUAL SEJA: DEIXOU PEDAÇOS DE ESTACAS DE CONCRETO EM GRANDE PARTE DA BEIRA-RIO, RETIROU ALGUMAS POR SOLICITAÇÃO DIRETA MAS DEIXOU OUTRAS QUE NO MOMENTO ESTÃO SEPULTADAS PELAS LÍMPIDAS ÁGUAS DO NOSSO RIO TAPAJÓS.Quando vier a vazante elas estarão todas nos pedindo para serem retiradas de lá. Outra denúncia que já fiz e valho-me deste blog para mais uma vez fazê-la; A ESTRUTURA DE SUSTENTAÇÃO FÉRREA ESTÁ EXPOSTA NO FINAL DA ORLA NOVA, PRÓXIMA À CALÇADA, QUEM QUISER VER, VERÁ. ESTÁ LÁ!!!!! Uma é poluição explícita ao meio ambiente, a outra é descaso e desrespeiro a coisa pública que deverá ser consertada pela Secretaria de Obras( nem sei se existe) daqui a pouco, com a exposição da estrutura férrea, nossa orla ruirá.Mas, caro Yago, vale a pena gritar, denunciar e manter a esperança e sonhos de que um dia pessoas preocupadas com a coisa pública nos socorram, ainda creio e sonho.

  • Meu Caro Yago, sugiro que o pessoal de Gestão Ambiental do IESPES, insista, volte lá e faça tudo novamente e, se não fizeram, que informem à população o dano que estão causando a si mesmos ao não preservarem o trabalho de salvamento do rio. A propósito, essa luta venho travando há uns vinte anos no tocante a Santarém e, por óbvio, o Tapajós. Parece que essa vontade de se matarem pela destruição dos recursos necessários à vida, é uma doença que pega. No meu último artigo sobre o assunto, “Sujeira é praga ou parasita”, considerando que a cada dia a foz do Tapajós é estreitada pela ilha que ali se formou e se avoluma a cada dia e, considerando o lixo e dejetos nele jogado, afirmo que no andar da carruagem, dia chegará em que estar na “fossa” não será dor de cotovelo. Estaremos literalmente na fossa. Folgo em saber que uma pessoa tão jovem se preocupa com este assunto! Isso nos dá esperança de um futuro melhor. TAPAJOARAMENTE,

  • Yago, como 1a coordenadora de TGA, fico imensamente feliz de perceber que os egressos do curso continuam nossa luta pela Sustentabilidade.
    As questões ambientais são (e ainda serão por algum tempo) um trabalho de “beija-flor apagando incêndio na floresta”, Nós, Gestores Ambientais, no entanto, somo incansáveis em nossa luta.
    Parabéns

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *