
Escrevo desde criança e prodígio na discrição, sempre guardei em lugares que sabia ficarem perdidos, pois nem sempre encarava a realidade de que poderia ser o destino de todos os escritos, a lixeira.
Ouso publicar nos presentes dias sabe lá por qual razão, somado a cordialidade do dono desse blog, o fato é que pode ser justamente para o mesmo fim, de evitar para que sejam descartados, seja agora numa lixeira digital qualquer.
Antes tudo mesmo ignorado, em tentativa pública, e nisso se cumpra o silêncio de quem seguirá assim, sob os conselhos de grandes autores aos principiantes, da possibilidade em ser esquecido como se nada tivesse com isso Se volta nas pontas dos pés, um ofício que exige a recusa, como uma leve rescisão.
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Desde o meu primeiro texto, sobre um suicídio em cenário amazônico, ouvi de tudo: “trata das histórias dos bêbados” que contei, ora, é evidente. Ou “quanta morbidez!”. Há quem tenha me acusado de ter me visto ali naquela vontade.
Para esses quero lhes dizer que ” a arte é a negação da morte”. Então foi para afugentar a morte? Se eu disser que a vida é esse mergulho perdido na beleza de um rio, que quanto mais profundo, mais gelado, menos oxigênio, maior é uma “gravidade”, menor é a chance de ficar olhando de longe uma paisagem.
Quanto de belo tem a vida, e também o quanto de beleza tem os mistérios da vida, a certeza da morte. Não pretendo entendiar o meu leitor, até porque ele talvez seja tão esporádico.
Quero por fim (ou pra começar) dizer que também perdido, mergulhado no fundo de um rio, estarei dando o meu jeito de me fazer voltar, de submergir, mas ressurgir, em tudo que quero dizer, e se personagens aparecerem, aí é que estarão como sempre encrencados, tentando sair de uma profundeza que realmente não faço a menor ideia de como foram parar lá.

➽➽ Jorge Augusto Morais, o Jorge Guto, é santareno, formado em direito e aprendiz da crônica reflexiva, em prosa, influenciado por uma tia, professora de literatura brasileira. Desde criança lê contos e escreve sobre dramas humanos universais, tendo como cenário uma Amazônia que pode estar na informalidade e no inusitado.
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