Toninho Sena trabalhava para dono de garimpo ilegal dentro de reserva biológica

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Toninho Sena trabalhava para dono de garimpo ilegal dentro de reserva biológica
Toninho Sena: piloto santareno que sobreviveu a acidente aéreo e a 36 dias sozinho dentro da floresta amazônica. Foto: Marcelo Seabra/Agência Pará

Celebridade nacional por sobreviver a um acidente aéreo e a 36 dias sozinho na floresta, o piloto Antônio Sena operava em um garimpo ilegal de ouro localizado dentro de uma reserva biológica, a categoria mais restritiva de proteção ambiental do país, que proíbe qualquer interferência humana. A informação é da Folha de S. Paulo.

O piloto desapareceu em 28 de janeiro, quando o avião caiu em uma área de floresta de difícil o nas redondezas do rio Paru, perto da divisa do Pará com o Amapá. Ele foi resgatado no sábado (6), após caminhar por 32 dias.

 

Segundo o jornal, Toninho Sena, 36 anos, foi contratado para ir até o garimpo Treze de Maio, localizado dentro da Reserva Biológica (Rebio) Maicuru, no norte do Pará e de gestão estadual. A sua missão seria levar mantimentos e óleo diesel para um dono de garimpo baseado em Alenquer (PA), de apelido Tuchau.

Criada em 2006, a Rebio Maicuru integra um mosaico de áreas protegidas que formam o maior corredor de biodiversidade do mundo, somando 12 milhões de hectares.

“Sem dúvida, a sobrevivência do piloto nos alegra”, diz Angela Kaxuyana, coordenadora das Organizações dos Indígenas Amazônia Brasileira (COIAB). “Mas ninguém está investigando o que ele estava fazendo. Ele sobrevoava uma região próxima a territórios indígenas, onde há presença de povos isolados. Qual era o objetivo da presença dele? Qual era a rota? Ao invés de ser celebrado como herói, ele precisa ser investigado.”

— LEIA também sobre esse caso: Piloto que fez rota de voo similar a de Toninho está sumido há 2 anos; veja o mapa

A Polícia Federal abriu inquérito sobre o caso, mas informou que não comenta investigações em andamento.

“As notícias sobre os garimpos na região norte do Pará são ruins. Há um fluxo muito grande, inclusive de aviões ando diariamente por cima de territórios indígenas”, afirma Kaxuyana.

“O impacto é extremamente grave. Contamina solos e rios, dos quais os indígenas dependem para viver. Além disso, coloca os povos em situação vulnerável por causa da pandemia. O território Zoé, de recente contato, está próximo desse garimpo, e há indícios de povos isolados.”

A reportagem enviou perguntas via WhatsApp a Sena e a sua recém-contratada assessoria de imprensa, mas não houve resposta até a conclusão deste texto.

Em entrevista à Folha na semana ada para falar de sua epopeia, ele itiu que estava trabalhando em um garimpo ilegal. Disse que foi atraído pelo pagamento alto e que nunca mais aceitará esse tipo de serviço.

“Sempre recebi convite para voar para o garimpo e, com o [preço do] ouro lá em cima e a gente precisando, aceitei. O salário de um comandante de uma companhia no Brasil chega a R$ 18 mil, o que dá uma diária de mais de R$ 810 para voar 22 dias, algo em torno de R$ 68 a hora. O voo de garimpo paga R$ 300 a hora”, afirmou.

Neste link, a reportagem completa da FSP (para s).


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5 Responses to Toninho Sena trabalhava para dono de garimpo ilegal dentro de reserva biológica

  • Ele não tem absolutamente nada a ver com a atividade do homem que o contratou….

    Júlio Eduardo

  • Foi mobilizada megaestrutura para procurá-lo a sudoeste.
    Ele se deslocou a nordeste.
    Desde o princípio a estória estava mal contada, especialmente pela preservação do nome do contratante do frete, informações desencontradas de que levava uma pessoa junto…
    Agora as coisas começam ser esclarecidas.
    O resgate, ainda assim, é motivo de comemoração, especialmente para familiares que, nada tem a ver com suas decisões pessoais.
    Amor de mãe, amor de irmãos não conhece estas fraquezas.

  • Pois é , estar vivo depois o que ele ou é para celebrar eternamente. Agora, o objetivo que resultou está história não tem nada a celebrar, nadinha.

  • Folha sendo Folha. Vamos esperar o resultado das investigações, aos invés de estar fazendo conjecturas. Não já basta o problema psicológico que esse piloto está enfrentando.

    1. Folha sendo Folha mas não há desmentidos seja da PF, Piloto ou autoridades Estaduais. Ao contrario o piloto confirmou o serviço e a boa remuneração. O fato de ele ter sobrevivido merece comemoração, todos torciamos por isso.
      Também é bom lembrar que o piloto não é dono de garimpo e que pilotos voarem para garimpos aqui em nossa região é um fato comum, é o que vem ocorrendo a mais de 60 anos como sendo uma atividade legal, o que não é especialmente depois de 1990. Por aqui 80% dos voos de pequenos aviões tem relação com garimpos.
      Não adianta imputar crime ao piloto se não forem combatidos os principais criminosos que são os donos e os financiadores dos garimpos ilegais.
      Tambem gostaria de externar a minha alegria com a sobrevivência do piloto, ele é parte de uma familia onde tive e tenho dois amigos desde a infância Inácio e Alfredo Sena

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