Soneto 562o56
O Homem desperta e sai cada alvorada
Para o acaso das cousas… e, à saída,
Leva uma crença vaga, indefinida,
De achar o Ideal nalguma encruzilhada…
As horas morrem sobre as horas… Nada!
E ao poente, o Homem, com a sombra recolhida
Volta, pensando: “Se o Ideal da Vida
Não vejo hoje, virá na outra jornada…
Ontem, hoje, amanhã, depois, e, assim,
Mais ele avança, mais distante é o fim,
Mais se afasta o horizonte pela esfera;
— ARTIGOS RELACIONADOS 526q5r
E a Vida a… efêmera e vazia:
Um adiantamento eterno que se espera,
Numa eterna esperança que se adia…
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
De Raul de Leôni, poeta brasileiro nascido no Rio de Janeiro.
Leia também:
Amostra sem valor, de Antonio Gedeão.
Há uma Gota de Sangue no Cartão Postal, de Cacaso.
Canção para uma valsa lenta, de Mário Quintana.
Virgens Mortas, de Olavo Bilac.