
“Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. ” (A paixão segundo GH, Clarice Lispector)
Qual a sua terceira perna?

Hoje meio veio à mente uma agem com a qual Clarice Lispector inicia uma das suas mais importantes obras, A paixão segundo GH. Nela a autora refere-se à existência de uma terceira perna.
Mas, que perna é essa?
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Há tantas!
A terceira perna pode ser uma pessoa.
Um medo; uma confiança.
Uma fé; um Deus.
Um sonho; uma história.
Uma mentira; uma verdade.
Um desejo; uma família.
Pode ser a escola; o trabalho.
Pode ser uma alegria; uma tristeza.
Ah a terceira perna pode ser tanto … pode ser NADA.
Mas que mal há nesse tripé humano?
A metáfora é a vossa resposta!
Os tripés são como âncoras que mantêm a base estável. Garantem imobilidade a algo.
O tripé estabiliza!
Mas é nessa certeza de um terceiro elemento, a nos fixar ao chão, que deixamos de … andar.
Ficamos presos. Imóveis!
A ideia de uma pseudo segurança trazida por esse e orgânico, faz-nos esquecer de que para andar, duas pernas são suficientes.
A estabilidade é menor … de fato.
Ventos podem nos fazer balançar … realmente.
Mas andamos!
Sim, andamos!
E quem sabe até podemos voar?!
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* Alessandra Helena Corrêa, santarena, é graduada em licenciatura plena em Letras (Ufopa). Faz mestrado atualmente em Estudos Literários, Culturais e Interartes na Universidade do Porto, Portugal, onde reside. No Instagram: @alehhelena.
LEIA também de Alessandra Correa: A zoomorficação do amor.
Crônica Maravilhosa, assim como a autora!😘😘
Muito obrigada!
Gostei. Parabéns. Bom domingo.
Fico contente. Obrigada. 😊