Terceiras pernas. Por Alessandra Helena Corrêa

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Terceiras pernas. Por Alessandra Helena Corrêa
Clarice Lispector, autora da obra A paixão segundo GH

“Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. ” (A paixão segundo GH, Clarice Lispector)


Qual a sua terceira perna?

Alessandra *

Hoje meio veio à mente uma agem com a qual Clarice Lispector inicia uma das suas mais importantes obras, A paixão segundo GH. Nela a autora refere-se à existência de uma terceira perna.

Mas, que perna é essa?

Há tantas!

A terceira perna pode ser uma pessoa.

Um medo; uma confiança.

Uma fé; um Deus.

Um sonho; uma história.

Uma mentira; uma verdade.

 

Um desejo; uma família.

Pode ser a escola; o trabalho.

Pode ser uma alegria; uma tristeza.

Ah a terceira perna pode ser tanto … pode ser NADA.

Mas que mal há nesse tripé humano?

A metáfora é a vossa resposta!

Os tripés são como âncoras que mantêm a base estável. Garantem imobilidade a algo.

O tripé estabiliza!

Mas é nessa certeza de um terceiro elemento, a nos fixar ao chão, que deixamos de … andar.

Ficamos presos. Imóveis!

A ideia de uma pseudo segurança trazida por esse e orgânico, faz-nos esquecer de que para andar, duas pernas são suficientes.

A estabilidade é menor … de fato.

Ventos podem nos fazer balançar … realmente.

Mas andamos!

Sim, andamos!

E quem sabe até podemos voar?!

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* Alessandra Helena Corrêa, santarena, é graduada em licenciatura plena em Letras (Ufopa). Faz mestrado atualmente em Estudos Literários, Culturais e Interartes na Universidade do Porto, Portugal, onde reside. No Instagram: @alehhelena.

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