“… o Brasil profundo, aquele que foi forjado pelo bacharelismo, veio à tona. Com o julgamento do mensalão, todos se voltaram a ser rábulas, práticos da advocacia”
Cláudio Lembo, advogado e ex-governador de SP, em artigo (O mensalão e a democracia) publicado ontem no site Terra Magazine.
Formação humanística é tudo…
por José Ronaldo Dias Campos
O ex-ministro do STF, Ayres Britto, comunga da necessidade de formação humanística na magistratura nacional, que eu estendo a todo operador do direito (juiz, promotor, advogado e auxiliares da justiça) no artigo ‘Repensando o Processo’, publicado no blog https://joseronaldodiascampos.blogspot.com.br/ há algum tempo.
Veja a seguir a resposta dada pelo jurista à Revista Consultor Jurídico recentemente:
Conjur: o que o senhor está dizendo é que o grande avanço que falta no Judiciário não é no nível institucional. É no nível pessoal, da magistratura?
Ayres: eu diria que sim. O Judiciário hoje é muito bem informado. É muito bem preparado tecnicamente. Mas, não é bem formado humanisticamente. O que você vai fazer das informações depende da sua formação. O Judiciário como política pública tem que colocar ênfase na formação do magistrado. O juiz que faz de sua caneta um pé-de-cabra é o meliante número um, sem nenhuma dúvida. O estrago que ele causa na confiabilidade e na autoestima coletiva é maior do que quando esse estrago é perpetrado por qualquer outro agente público. O que você vai fazer de tantas informações técnicas, refinadas de todos os códigos e da Constituição depende da sua formação. Se você não for uma pessoa sensível, não percebe. Sensibilidade também é um requisito de desempenho. Sem isso, você não vai perceber que há dramas humanos naqueles autos. O juiz tem que abrir, mesmo, as janelas do Direito para o mundo circundante. Ele não pode se trancar numa torre de marfim. E tem que buscar inspiração nos códigos e, também, na viva vivida. Nos códigos está a vida pensada, a vida teórica. Na sociedade, nos jurisdicionados, está a vida vivida.
“Portou-se com destemor o Ministro Enrique Ricardo Lewandowski. Soube ar posições de confronto com altivez e respeito ao Direito. Terminada sua missão de revisor, surgem as primeiras manifestações favoráveis à sua atuação.” O próprio no mesmo artigo.
Lembo não é qualquer hum! Não obstante seu extenso curriculum na área do direito, sempre serviu a ditadura e o conservadorismo: de Olavo Setúbal a Kassab, ando pela reitoria do Mackenzie, aquela universidade “comunista” onde se concentrava a fina flor da direita reacionária, entre 1964 e 1985.
A partir da sua gestão como governador, começou trombar com seus “companheiros” com artigos e declarações “bombásticas”
Chico Corrêa